Em um discurso emocionado proferido do Plenário do Senado, na tarde desta quinta-feira (6), a senadora Serys Slhessarenko voltou a tecer duras críticas ao deputado federal Carlos Abicalil, presidente regional do PT e pré-candidato ao Senado. "Ele (Abicalil) é oportunista e desleal", atacou Serys. Em outra crítica mais contundente ainda contra seu colega de partido, Serys afirmou que o PT Abicalil "se estruturou à sombra dos aloprados da Funasa e do Incra e se aparelhou através da Secretaria de Educação de Mato Grosso, usando como seus aliados aloprados" 

Além de receber a solidariedade de diversos senadores a respeito de sua derrota nas prévias do PT para a escolha do pré-candidato do partido ao Senado, a senadora salientou que o PT mato-grossense "tirou dos eleitores a oportunidade de avaliar o seu mandato, suas realizações em prol do Estado e do País".

"Hoje, de maneira cruel, sob o ponto de vista de uma tática que não tem argumentos válidos e perceptíveis, esse grupo do PT tirou do povo de Mato Grosso..., a oportunidade de me avaliar. De avaliar o meu trabalho, a minha luta pela governabilidade deste país, a minha luta pela defesa do meio ambiente, com ênfase na questão climática que preocupa o mundo, de avaliar minha postura na defesa dos direitos das mulheres trabalhadoras do meu estado, das mães, das domésticas, da mulher do campo, enfim, o PT do presidente do Diretório Estadual tirou de mim a oportunidade ímpar de mostrar o quanto contribui para o desenvolvimento econômico do meu Estado, carreando recursos para os municípios, levando verbas para os projetos sociais...!".

De acordo com a parlamentar, o eleitor também não pode avaliar ações como a implantação do luz para todos, a ampliação da exploração do petróleo e do gás em solo mato-grossense, a federalização das rodovias e do transporte ferroviário.

"Tiraram de mim essa oportunidade e pior: o direito daqueles quase 30% dos eleitores do meu estado, que me colocaram aqui, numa luta titânica contra o poder econômico, de avaliar o que eu fiz. Cassaram o meu direito e cassaram o direito do povo de Mato Grosso", disparou.

Ela destacou que o PT do deputado Carlos Abicalil teve sua reeleição o fato de ser a primeira mulher a chegar à vice-Presidência do Congresso, a primeira senadora de Mato Grosso em sua historia Republicana.

"Este grupo desconheceu minha biografia de ter sido eleita, pela Transparência Brasil, entre os 10 Senadores que mais trabalham pelo povo brasileiro. Ressalto que, entre os 10, sou a única mulher. Além de chefiar o grupo junto ao G8+5 etc. o fato é que usaram e abusaram da democracia do PT como instrumento para se fazer política de grupo. Isso é absolutamente condenável. Estive envolvida, durante as prévias, no projeto de governabilidade do presidente Lula. Não tenho dúvidas em afirmar que conquistamos uma grande vitória política. A direção nacional do meu partido já constatou esse absurdo, mas nada fez quando podia!".

Serys disse que venceu em todas as cidades pólos do Estado entre os 131 municípios em que houve a consulta aos filiados do PT. "Estas cidades representam 67% dos votos dos mato-grossenses" .

O presidente do PT de Mato Grosso ao invés de buscar o entendimento partidário e a defesa de um palanque consistente para a candidatura de Dilma Roussef preferiu rachar o partido, numa disputa pessoal, que sacrificou todo nossa estrutura partidária.

Para Serys, hoje em Mato Grosso existe dois PTs: "um que não pensa duas vezes em buscar facilidades e o outro, do qual faço parte, que é o grupo que está na luta coletiva, em busca de dias melhores para o povo do meu estado. Faço parte desse segundo PT".

“O fato é que usaram e abusaram da democracia do meu partido como instrumento para se fazer política de grupo e isso é condenável. Esse é o PT de Carlos Abicalil, que em nome do interesse do grupo que se estruturou à sombra dos aloprados envolvidos no escândalo da Funasa, no INCRA e que se aparelhou na Secretaria de Estado de Educação”, apontou a parlamentar.

No encerramento, Serys agredeceu o apoio em massa do movimento comunitário, das mulheres, dos peritos, das mulheres da magistratura "enfim, de todos os cidadãos de bem porque, antes de tudo, sou uma cidadã do bem".
 
"Acreditem: a resistência prossegue. Posso não estar voltando a esta casa, mas estarei na luta junto aos que me apoiaram pelo engrandecimento dos que consideram o PT um partido voltado aos interesses do povo brasileiro e não apenas instrumento de um grupo político".

José Sarney (PMDB-AP) “aparteou” a senadora e se solidarizou com a situação em que Serys foi decapitada do direito de concorrer à reeleição. O senador Edson Lobão (PMDB - MA) lembrou que houve uma época, em que os senadores eram natos candidatos à reeleição, por meio de uma lei que foi derrubada. “Hoje, com o exemplo da senadora Serys, observamos que foi um erro revogar, pois impedir alguém de ser candidato à própria reeleição é uma brutalidade”.

Geraldo Mesquita (PMDB-AC) pontuou que, hoje, os partidos políticos são cartórios, bancas de negócios. Lembrou do caso do senador Mão Santa, do Piauí, que também iria passar por situação semelhante à de Serys e teve que buscar outra agremiação partidária naquele estado.

Mais informações em instantes/`Primeira atualização às 17h17

Leia também:

Senadora critica o "novo PT" de MT e compara Carlos Abicalil ao rei Pirro