O jornal norte-americano "The New York Times" vai iniciar a cobrança por conteúdo on-line em janeiro de 2011, segundo informações do diário "The Wall Street Journal" desta sexta-feira (14).
A decisão de cobrar pelo conteúdo já havia sido anunciada pelo jornal norte-americano em janeiro deste ano.
Agora, o editor-executivo do "NYT", Bill Keller, informou que a cobrança inicia já em janeiro --enquanto o anúncio prévio não havia formalizado uma data específica.
A intenção da manobra do diário é reparar perdas com propaganda.
Não está claro, contudo, qual vai ser a assinatura que usuários deverão pagar a partir de janeiro.
Cobrar ou não, eis a questão
A discussão sobre disponibilizar ou não o conteúdo on-line gratuitamente, feita por grandes grupos de mídia, ganhou força em 2009, sobretudo nos EUA e na Europa.
Além de enfrentarem a queda de leitores devido à internet, esses grupos têm tido queda na receita com publicidade, fruto da crise que chegou antes e com mais força nessas economias.
À época do primeiro anúncio, em seu site, o "NYT" definiu a medida como "um passo que vem sendo debatido por toda a indústria e que praticamente todos os grandes jornais têm receio de dar".
Para o editor-executivo do "NYT", Bill Keller, a medida "ressalta o valor" do "jornalismo profissional".
"Isso [cobrar pelo conteúdo on-line] nos dá uma segunda maneira de manter esse trabalho árduo e caro, para além das nossas saudáveis receitas vindas da publicidade", disse.
O anúncio do "NYT" vai a reboque do que tem pregado o bilionário de origem australiana Rupert Murdoch, dono da News Corp. No ano passado, ele anunciou que ia cobrar pelo conteúdo on-line dos sites de notícias do grupo, que incluem jornais como os britânicos "The Times" e "The Sun" e o americano "New York Post".
O modelo propagado por Murdoch como "ideal" para notícias on-line é o do "Wall Street Journal", que também pertence ao grupo e que combina matérias pagas com conteúdo gratuito.
"Jornalismo de qualidade não é barato, e uma indústria que dá de graça seu conteúdo está simplesmente canibalizando a sua capacidade de produzir boa reportagem", afirmou Murdoch, em julho de 2009.
Embora esteja enveredando pelo mesmo caminho, em seu anúncio desta quarta-feira o "NYT" chega a citar o modelo de Murdoch, negando que vá segui-lo à risca.