A transferência da gestão florestal para a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) acabou agravando ainda mais os delitos relacionados à extração e comércio ilegal de madeira, fazendo com que os crimes ambientais ficassem ainda mais complexos e necessitassem de profissionais especializados com mais conhecimento. O descaso com a preservação da floresta ao longo dos anos, fez com que cerca de 45% da cobertura florestal originária do estado desaparecesse.

A avaliação é da Polícia Federal, na conclusão do inquérito que resultou na Operação Jurupari, deflagrada no dia 21 de maio com objetivo de combater crimes ambientais. De acordo com a investigação, o envolvimento de profissionais especializados dificultou ainda mais o trabalho de investigação.

Os técnicos e engenheiros, que participavam do esquema, fez com que necessariamente a atividade delituosa relacionada à extração e comércio ilegal de madeira se modernizasse.

Estes profissionais atuavam na elaboração e aprovação de estudos, laudos e relatórios ambientais ideologicamente falsos, imprescindíveis à legalização e comércios de produtos florestais extraídos criminosamente de áreas não autorizadas.

Toda a especialização dos envolvidos dificultou ainda mais o trabalho da Polícia Federal, que mesmo assim garante que as investigações demonstram claramente que responsáveis técnicos e donos de empreendimento conseguiram nestes últimos dois anos, com o apoio, interferência e conivência de servidores públicos, aprovar e executar pelo menos 68 empreendimentos repletos de irregularidades.

O valor mínimo dos danos ambientais causados, aferidos pela perícia oficial, apenas para os projetos investigados é de ordem de R$ 1 bilhão. Porém, existem estragos irreparáveis como a devastação provocada pelos crimes cometidos por servidores, políticos e fazendeiros envolvidos na Operação Jurupari.

Isso porque, Mato Grosso esteve na liderança do desmatamento de florestas tropicais por quase uma década, fazendo com que o ex-governador Blairo Maggi (PR) tomasse medidas drásticas contra o setor produtor para amenizar sua imagem e a do estado junto aos ambientalistas.