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Terça-feira, 30 de abril de 2024

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Repórter trabalha de mecânico por um dia e ganha até apelido em Interlagos

Dizem que a vida de quem acompanha a temporada da Fórmula 1 e vai a todos os GPs da categoria é fácil. Jantares, mulheres, dinheiro, glamour. Só que, na realidade, a situação não é bem assim. Por isso, o GLOBOESPORTE.COM resolveu participar de um dia de trabalho da equipe VRT, de Lucas di Grassi e Timo Glock, uma das três estreantes em 2010. O desafio foi em Interlagos, nos treinos livres para o GP do Brasil.


Antes de mais nada, era importante saber o que poderia ser feito. Por isso, ainda na quinta-feira, a equipe fez questão de, em um briefing, apresentar todos os setores dos boxes. O responsável pela função foi o administrador do time, o inglês Dave O'Neill. O clima na VRT é muito descontraído e todos os que trabalham lá ganharam apelidos - menos os chefes, é claro. E com o jornalista não foi diferente: ao ver a credencial e o nome, Dave não teve dúvidas.

- Ah, Lopes? Então seu apelido será J-Lo - brincou, em uma alusão à cantora Jennifer Lopez.

Após trazer o uniforme, Dave apresentou a função que seria desempenhada na sexta-feira: assistente de pneus. Isto consiste em pegar as rodas que vêm da Bridgestone, fixar as placas do balanceamento (é, igual a um carro de rua) nas partes interna e externa, limpá-las, marcar o número do jogo e a qual piloto ela pertence, colocar a pressão do ar correta, e, finalmente, enrolar os pneus nos cobertores elétricos que os mantêm aquecidos antes de os carros entrarem na pista.

Após a breve apresentação, o dia em Interlagos começaria cedo: às 7h30m da sexta-feira, para os últimos ajustes nos pneus e o café da manhã. O'Neill explica que, por determinação da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), o repórter não poderia colocar ou tirar nada do carro, para evitar riscos desnecessários. Após o breve papo, era hora de encontrar Aaron Lawman, apelidado de Bruce, e Andy Ling, o Magnet, responsáveis pela função na equipe.

A principal função era cuidar dos pneus da equipe VRT na sexta-feira (Foto: Miguel Costa Jr)Era hora de ir até o hospitality center da VRT, a salinha que fica atrás dos boxes. O cardápio era rico: os tradicionais ovos mexidos, muito bacon, linguiça e uma sopa de feijões, além de vários tipos de pães. Para beber, água mineral, iogurte de morango, suco de laranja e refrigerantes, tudo comprado pela equipe de cozinha em São Paulo. Após a comida, era hora de voltar ao trabalho.

Após uma breve checagem dos pneus, O'Neill apresenta o setor do time que cuida da parte eletrônica e mecânica do carro. Jordan Giddings, o Sparks, é responsável por todos os sensores dos carros e cuidar para que não deem leituras erradas para a telemetria enquanto estão na pista - eles passam para um computador central vários dados, que variam da temperatura à altura em relação ao asfalto. Em seguida, ele mostrou que todas as partes do modelo, o VR01, são monitoradas pelos sensores.

O próximo passo era saber como é feito o controle de qualidade das peças do carro, função desempenhada por Jason Mowle, o Mowley. Com uma tinta especial e um aparelho de ultra-som, ele verifica cuidadosamente as peças do carro para detectar possíveis falhas ou fadiga do material. Ele conta que o trabalho mais forte é realizado nos primeiros dias no autódromo, quando ele têm de analisá-las uma a uma. No fim de semana, é hora de fazer o acompanhamento, para evitar sustos.

A apenas meia hora do início do primeiro treino livre, às 10h, o repórter ganhou um rádio para ouvir as comunicações entre os pilotos e os engenheiros na pista. O alemão Timo Glock e o belga Jerome D'Ambrosio, responsáveis por entrar na pista pela manhã, chegam e o ambiente fica um pouco mais tenso. A tampa do motor é colocada cinco minutos antes do cronômetro ser disparado.

Ouvir a comunicação por rádio dá outra leitura para os treinos. Os pilotos relatam absolutamente tudo sobre o comportamento do carro em cada curva, para que os engenheiros possam fazer alterações no acerto quando ele retornar aos boxes. Glock, por exemplo, reclamou muito que o carro estava saindo de traseira, algo que foi corrigido no retorno aos boxes com ajustes nas suspensões.

Após o fim da primeira sessão, às 11h30m, começa a correria nos boxes: em apenas 2h30m, era hora de desmontar os carros e montá-los novamente para o segundo treino, às 14h. Com muita organização, tudo acaba sendo terminado a tempo, por volta de 13h50m. Ah, o trabalho estava sendo feito sob os olhares dos chefes, que repetiam o tempo restante pelo rádio a cada cinco minutos.

À tarde, era a vez de Lucas di Grassi entrar na pista. O brasileiro reclamou muito do equilíbrio do carro com os pneus duros em Interlagos, mas achou rapidamente o acerto para os macios. No fim da sessão, ele foi sete décimos mais rápido que Timo Glock, seu companheiro. Ele foi o terceiro colocado das novatas, 21º no geral, atrás apenas dos carros da Lotus de Jarno Trulli e Heikki Kovalainen.

Para os pneus, a maratona recomeçaria às 16h. Era hora de devolver os pneus usados nos treinos de sexta-feira para a Bridgestone, que enviaria novos compostos para a classificação e a corrida. Como a VRT trabalha com um número limitado de rodas, elas precisam ser desmontadas para que os novos sejam colocadas. Por isso, a fornecedora de pneus demora um pouco mais a devolver tudo.

Às 17h30m, com os pneus já atrás dos boxes, era hora de começar a trabalhar novamente. Em pouco mais de uma hora e meia de trabalho, todas as rodas foram limpas e colocadas nos cobertores térmicos - tudo isso com muito suor e dores nas costas. Bruce e Magnet elogiaram o repórter que, apesar de sofrer um pouquinho, conseguiu pegar rapidamente o jeito para fechar os cobertores elétricos.



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