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Segunda-feira, 27 de maio de 2024

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Otan e Rússia enterram os fantasmas do passado

A Otan e a Rússia concordaram neste sábado em examinar uma cooperação em um escudo antimísseis para defender a Europa de um eventual ataque e reforçar sua colaboração sobre o Afeganistão, enterrando um período de tensões entre os antigos inimigos da Guerra Fria.


Ao receber o presidente russo, Dimitri Medvedev, para uma reunião bilateral em Lisboa, o secretário-geral da Aliança Atlântica, Anders Fogh Rasmussen, saudou o que descreveu como um ponto de inflexão histórico nas relações, muitas vezes tensas, entre Moscou e o Ocidente.

"Hoje contribuímos não apenas para enterrar os fantasmas do passado que nos assombraram por tanto tempo, mas também os exorcizamos", declarou Rasmussen na primeira cúpula entre Otan e Rússia em mais de dois anos.

Os países da Aliança e Moscou concordaram que não "representam nenhuma ameaça recíproca", segundo o secretário-geral, que falou em nome dos 28 líderes da organização, que neste sábado encerraram uma cúpula de dois dias em Lisboa.

As duas partes atravessaram um período difícil de suas relações após o conflito de agosto de 2008 na Geórgia, cujo governo, aliado dos Estados Unidos, enfrentou por cinco dias duas de suas províncias separatistas, apoiadas por Moscou.

"Um período de relações muito difíceis e tensas foi superado", disse Medvedev.

"Vemos a Rússia como um aliado, não como um adversário", reafirmou o presidente americano, Barack Obama.

A Aliança entrou em acordo com Medvedev para explorar uma cooperação em um sistema de defesa antimísseis para a Europa, que os 28 países concordaram em criar na sexta-feira em sua cúpula, apesar do líder russo advertir que deverá ser tratado como um sócio de pleno direito.

"Ou participamos completamente (...) ou não participamos", disse Medvedev.

Rasmussen informou que a ideia é que os sistemas europeu e russo funcionem de forma separada, mas cooperem trocando informação, para estar "mais alerta sobre uma eventual ameaça". Não excluiu "cooperar eventualmente abatendo um míssil" dirigido contra o continente.

Moscou aceitou, por outro lado, permitir que um número maior de provisões não letais da Aliança Atlântica cruzem seu território em direção ao Afeganistão, incluindo pela primeira vez veículos capazes de resistir às minas.

Desta forma, a Otan poderá reduzir o número de envios, mais arriscados, através do Paquistão.

A cúpula também serviu para lançar as bases de um fundo conjunto para pagar 21 helicópteros russos destinados às forças armadas afegãs.

Mas o que Obama definiu como uma "volta ao início" nas relações bilaterais choca-se com um obstáculo maior, o possível atraso no Congresso dos Estados Unidos para ratificar o tratado russo-americano de desarmamento nuclear START, bloqueado por parte da oposição republicana.

Os aliados europeus aumentaram a pressão sobre os senadores americanos, advertindo que está em jogo a segurança do Velho Continente.

Medvedev falou, por sua vez, ao Senado, que demonstre sua "responsabilidade" ratificando o tratado e alertou que Moscou "atuará de forma recíproca".

O tratado, assinado em abril por Obama e Medvedev em Praga, prevê uma redução de 30% do número de ogivas nucleares em posse das superpotências atômicas, além de verificações mútuas mais transparentes.

Obama precisa de uma maioria de 67 votos de 100 para obter a ratificação, e esforça-se para convencer um grupo de republicanos reticentes para que votem a favor deste texto antes do final do ano.

Esta data é crucial, já que a partir de 3 de janeiro de 2011 começará a trabalhar o novo Senado, composto após as eleições legislativas de 2 de novembro. Os republicanos serão então 47, contra 41 atualmente, o que dificultaria ainda mais a aprovação.

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