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Domingo, 19 de maio de 2024

Notícias | Educação

Com 2.160 alunos, escola em Mauá (SP) tem apenas uma faxineira

Os 2.160 alunos da escola estadual Visconde de Mauá, na cidade de Mauá (Grande São Paulo), têm só um funcionário para limpar salas de aula, pátio e outras dependências. A única faxineira trabalha das 6h às 15h. Só que a unidade também tem curso noturno, com aulas até as 23h. "A coitada não sabe nem por onde começa. Claro que ela não dá conta de todos os lugares que teria que limpar", afirma um professor, que não quis se identificar.


O problema acontece por causa de uma disputa entre a empresa terceirizada que faz a limpeza e o Estado. A firma critica a redução na verba paga a cada mês pelo serviço. 

"Se você perguntar se eu acho que um funcionário é o suficiente para a limpeza daquela escola, vou te falar que, com certeza, não é. Mas o que eles fazem com a gente, cortando a verba, também não está certo", diz Anderson Simões, diretor-executivo do Grupo Fortin, que cuida da faxina na escola. Ele se refere a um sistema de notas que é dado pela direção da unidade. Quanto menor a nota, menos verba a empresa leva.

O governo diz que a firma tem a obrigação de manter a escola limpa e que a redução do dinheiro é questão de justiça.

A empresa é a responsável pela limpeza da escola Visconde de Mauá e de outros 104 colégios em Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra e Santo André, todos no ABC.

Segundo pais e funcionários da escola, o problema existe desde o início do ano letivo, quando a empresa cortou dois funcionários e deixou apenas uma faxineira, das 6h às 15h.

É o mesmo problema de outra escola estadual, a Francisco de Paula Vicente de Azevedo, na zona sul de São Paulo. No sábado, o Agora revelou que os professores e até os alunos fazem a faxina no colégio porque dois funcionários não davam conta de limpar tudo e fazer a merenda.

Há duas diferenças entre os casos: ao contrário da escola de São Paulo, na de Mauá a limpeza é terceirizada, ou seja, o governo contratou e paga uma empresa para cuidar disso. E, no caso do colégio da capital, são 917 alunos atendidos por dois funcionários. Na de Mauá, é ainda pior: 2.160 jovens e uma faxineira.

Segundo Simões, desde o ano passado a empresa recebe menos dinheiro, o que ocasionou o corte de dois funcionários. "Eu não tenho condições de mandar mais gente se eles não aumentarem a minha nota e eu receber o valor integral. Eu quero gerar emprego, gerar renda e ver a escola limpa."

O diretor aponta boicote da direção e professores. "Eles não queriam que terceirizasse [a limpeza], preferiam quando era profissional de carreira. Como são contra, boicotam mesmo", diz. "Como tem escola em que sou bem avaliado e em outras não? O critério é muito subjetivo. Não vejo uma avaliação justa. Escolas onde sou bem avaliado têm o quadro completo."

Resposta
A Secretaria da Educação do governo José Serra (PSDB) disse que a denúncia será averiguada. Se forem constatadas irregularidades, o contrato poderá ser rescindido e outra empresa será contratada em caráter emergencial.

A pasta diz que não há um mínimo de funcionários exigidos para trabalhar nas escolas com faxina terceirizada --onde há funcionários do Estado, para cada oito salas há uma pessoa.

"Dando conta da limpeza, o contrato está sendo cumprido", diz a pasta. Quanto ao repasse menor para quem tiver notas baixas na avaliação, a secretaria diz que é uma "questão de justiça". "Só tem avaliação ruim quem deixa de prestar o serviço corretamente. Não faz sentido diminuir os funcionários."

Segundo a pasta, o caso é isolado --é a primeira vez que ocorre com uma empresa terceirizada.
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