Ao contrário do que geralmente ocorre nas escolas da rede pública, quando as manifestações acontecem para reivindicar melhorias na educação, reforma das instalações, ou mesmo a saída de diretores e professores, na Escola Estadual Heliodoro Capistrano da Silva, no Parque Cuiabá, a situação é diferente. Lá, a mobilização de alunos, pais, professores e funcionários é pela permanência do atual diretor, Ednilson Luiz Gonçalves. O mandato do diretor, eleito pela comunidade escolar, terminaria em dezembro, mas por uma norma da Secretaria de Educação, ele terá que deixar o cargo até o dia 15 deste mês.

A razão para a possível saída de Ednilson é que ele fez concurso em 2006 e agora foi chamado para ocupar uma cadeira na disciplina de Filosofia. Como precisa cumprir estágio probatório, tem que deixar a direção da escola. A comunidade escolar está pedindo à Seduc que prorrogue o prazo para o início do estágio e Ednilson possa concluir seu mandato e evitar uma eleição agora, para que um novo diretor assuma por apenas sete meses, até a realização de novas eleições, prevista o final do ano.

Além da questão do mandato tampão,  a comunidade escolar quer a permanência de Ednilson pelas mudanças positivas que ele fez na escola.  "Como a gente conhece a competência e a dedicação do professor Ednilson é que estamos reivindicando junto à Seduc para que ele permaneça", diz a professora Luciana Paixão Lujan, presidente do Conselho Escolar.
 
Ainda segundo Luciana Lujan, existem outros dois casos semelhantes ao da Escola Heliodoro Capistrano, em que diretores aprovados em concurso iniciaram seus estágios probatórios após encerrarem seus mandatos. As escolas citadas por Luciana são a Malik Didier, no bairro Pedra 90 e outra escola estadual, que fica na região da Serra de São Vicente. Além disso, explica também Luciana Lujan, o professor Ednilson já fez um estágio probatório, em 2.000, quando passou no concurso para professor de História, disciplina que ministra hoje. "Se fosse qualquer outra pessoa a gente não estaria brigando pela continuidade dele no cargo", frisa a professora.


A Escola Heliodoro Capistrano da Silva funciona em três períodos e conta com cerca de 1.200 estudantes.Uma reunião realizada há duas semanas na escola, contou com mais de 400 participantes, entre pais, alunos, funcionários e professores, que assinaram um abaixo assinado pedindo que o diretor permaneça. Caso a Seduc não não altere sua decisão, a comunidade pretende fazer uma manifestação em frente à secretaria, no sentido de sensibilizar o secretário Ságuas Moraes a manter Ednilson Gonçalves no cargo."O professor Ednilson reformou  a escola, ampliou a biblioteca e criou a Rádio HCS para comunicação interna", diz a estudante da oitava série, Adriana Garcia Machado, defendendo também a permanecência do diretor.

De sua parte, o professor Ednilson Gonçalves diz que aguarda uma decisão da Secretaria da Educação para saber se continua no cargo, como quer a comunidade escolar, ou cumprir o que prevê a normativa da pasta. Ele se diz satisfeito com essas manifestações, pois demonstram que seu trabalho está sendo reconhecido e dá a entender que gostaria de permanecer onde está, mas não se manifesta publicamente sobre o assunto, como forma de evitar que pensem que lutando em causa própria.