Durante visita do vice-presidente Michel Temer (PMDB) em Cuiabá, em ato de apoio à candidatura de Lúdio Cabral (PT), o deputado federal Carlos Bezerra (PMDB) afirmou que a capital só teve “prefeito meia boca” e que Lúdio é um “achado”. A declaração desagradou o vice de Mauro Mendes (PSB), João Malheiros (PR), que exige uma retratação do ex-governador.

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“Eu tinha um sonho, que Cuiabá tivesse um prefeito que entendesse de política pública pra valer. Nós tivemos aqui em só prefeito meia boca. Graças a Deus o Lúdio é um achado para Cuiabá e vai ser o maior prefeito da história de Cuiabá, por que entende de política pública como ninguém”, afirmou Bezerra.

A declaração foi suficiente para João Malheiros publicar a resposta por meio de artigo intitulado “Mexeu com os meus, mexeu comigo!”. O vice de Mendes diz que Bezerra colocou na mesma vala comum “nossas famílias e as nossas tradições”.

“Ofendeu entre outros ao Cell. Escolástico, ao Dr. Fenelon Muller, a Julio Muller, ao Professor Isaac Póvoas, ao Dr. Manoel José de Arruda, a Manoel Miraglia, a José Garcia Neto, a Hélio Palma de Arruda, a Aecim Tocantins, a Frederico Campos, ao Dr. Bento Machado Lobo”, rebate Malheiros. “Você, deputado, deve desculpas a essas famílias por ter na empolgação de tentar buscar a vitória na coligação PMDB/PT, ter jogado na lama as centenárias famílias de nossa Cuiabá”, completa.

Em sua resposta, Malheiros também não deixou de fazer uma provocação ao rival nas prévias do partido, Francisco Vuolo, que recentemente declarou apoio à candidatura de Lúdio e desfiliou-se do PR.

“E para finalizar, quero aqui ressaltar um prefeito que foi a seu tempo um ícone, Vicente Emílio Vuolo, cujo filho que agora apoia essa coligação onde se encontra o Deputado Bezerra (LUDIO/FAIAD), deva ter o dever moral de defender a memória de seu pai sob pena de, também por motivo eleitoreiro concordar que seu pai, segundo Bezerra, foi um prefeito “meia boca””, provoca Malheiros.

Confira abaixo a íntegra do artigo assinado por Malheiros.

Mexeu com os meus, mexeu comigo!

O que chamo de meus, são gerações de cuiabanos e não cuiabanos que desde 1909 dedicaram parte se suas vidas na missão de administrar a nossa querida Cuiabá.

São personalidades que desde o início do século passado, cada um dentro da sua capacidade e dos recursos disponíveis no contesto histórico em que viveram, deram em sua grande maioria o melhor de si.

Em toda atividade humana, existem aqueles que não correspondem as expectativas, mas eles são a exceção à regra e, quando vejo um deputado federal por meu estado, ex-governador, dizendo que todos os prefeitos que administram Cuiabá são “meia boca” não posso e não vou me calar, custe o que custar.

Falar que todos são meia boca, que é uma locução adjetiva que significa incompleto, mal acabado, mal feito e provisório é dar um tapa na face das nossas raízes mais profundas.

Desculpe deputado federal de todos os mato-grossenses, mas embora já tenha votado em você, não me furtarei a chamar a sua atenção, pois o passado de um povo não pode ser jogado na lama em função de propósitos eleitoreiros.

Quando Vossa Excelência colocou a todos na mesma vala comum, ofendeu às nossas famílias e as nossas tradições. Ofendeu entre outros ao Cel. Escolástico, ao Dr. Fenelon Muller, a Julio Muller, ao Professor Isaac Póvoas, ao Dr. Manoel José de Arruda, a Manoel Miraglia, a José Garcia Neto, a Hélio Palma de Arruda, a Aecim Tocantins, a Frederico Campos, ao Dr. Bento Machado Lobo.

Você, deputado, deve desculpas a essa famílias por ter na empolgação de tentar buscar a vitória na coligação PMDB/PT, ter jogado na lama as centenárias famílias de nossa Cuiabá.

Mas não para por ai. O senhor ofendeu nesse seu rompante, José Vila Nova Torres, Benedito Alves Ferraz, Giungihglio Luiggi Bello, Rodrigues Palma, Anildo de Lima Barros, Gustavo Arruda, o homem das diretas, Dante Martins de Oliveira, Coronel Meireles falecido recentemente, Roberto França, Wilson Santos, entre outros.

Quero, neste manifesto que faço com pesar, externar o meu mais profundo repúdio a posicionamentos que denigram a honra e a história de nosso povo.

Ser cuiabano nato ou adotado é algo especial. Às vezes discordamos entre nós de como conduzir melhor a nossa cidade, e da discussão nasce o caminho, mas de uma coisa, tenha a certeza. Em nenhum momento deixamos de orgulharmos de nossa história e não permitimos que ninguém lance máculas sobre as nossas famílias.

E para finalizar, quero aqui ressaltar um prefeito que foi a seu tempo um ícone, Vicente Emílio Vuolo, cujo filho que agora apoia essa coligação onde se encontra o Deputado Bezerra (LUDIO/FAIAD), deva ter o dever moral de defender a memória de seu pai sob pena de, também por motivo eleitoreiro concordar que seu pai, segundo Bezerra, foi um prefeito “meia boca”.

Nós cuiabanos, parecemos um lago tranquilo de águas calmas, mas se mexem com o nosso brio, nos transformamos em tormenta e ai daqueles que não compreenderem isso.

Por isso, mexeu com os meus, mexeu comigo e com todos os cuiabanos.

Viva o Povo Cuiabano.

João Antônio Cuiabano Malheiros – um cuiabano até no nome.