Demonstrando estar alheio às polêmicas envolvendo a preferência religiosa e as eleições municipais, o presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Cardeal Dom Raymundo Damasceno, disse que a entidade não orienta nem recomenda o voto aos fiéis.

Questionado sobre a influência das questões religiosas na eleição em Cuiabá, onde candidatos buscam eleitores alinhados aos segmentos católicos e evangélicos, o cardeal sinalizou que o voto é pessoal e o eleitor deve ter total liberdade para avaliar o candidato.

“Devemos respeitar o eleitor. O voto deve ser consciente. O voto é livre. A CNBB não indica eleitor em nenhuma eleição. Não se pode instrumentalizar a Igreja nem usá-la para obter o voto. Não queremos a volta do voto de cabresto”, destacou Dom Damasceno.

A manifestação foi externada nesta quinta-feira (27.9), em Brasília, durante lançamento de uma mensagem em que a CNBB pede o voto “consciente e limpo” nas eleições municipais.

Sobre o debate envolvendo casamento homossexual e o aborto, considerados dois tabus para os cristãos em geral, o secretário geral da CNBB e ex-bispo em São Felix do Araguaia, Dom Leonardo Steiner, disse que o assunto sequer entrou em debate dentro da entidade.

“Não entramos neste debate sobre homossexualismo. Mas não abordar não significa que sejamos a favor”, acrescenta.

A conferência também afirmou que é “inadmissível” a violência registrada nas eleições em alguns municípios. “Candidatos são adversários, não inimigos”, afirma a entidade.

A violência é mesmo uma das preocupações da entidade. Segundo levantamento feito Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os pedidos de reforço na segurança dos municípios aumentou cerca de 30% este ano em relação às eleições passadas.