Olhar Direto

Segunda-feira, 03 de junho de 2024

Notícias | Cidades

conflito por terra

Cidade sitiada, moradores presos e uma reserva à vista: Luciara repete Suiá-Missú

24 Set 2013 - 18:08

Da Redação - Jardel P. Arruda/ De Barra do Garças - Ronaldo Couto

Foto: Associação de Retireiros do Araguaia

Casa de retireiro queimada

Casa de retireiro queimada

Depois de passar dias sitiada, de ter alguns fazendeiros presos acusados de incitar a população a protestar de forma violenta e estar na iminência de ver a criação de uma reserva de extrativismo que deverá diminuir em mais de 100 mil hectares, a cidade de Luciara repete a história de Alto Boa Vista, onde a terra indígena Marãiwatsédé substituiu os resquícios de Suiá Missú, antiga fazenda que já teve a fama de ser a maior do mundo e pertencer ao papa.


leia também: Produtores 'expulsos' de Suiá Missú bloqueiam BR 158 em protesto

Nesta terça-feira (24), a Polícia Federal cumpriu dois mandados de prisão temporária contra Roberto Maciel e Junior Lico, dois supostos líderes das manifestações que fecharam todos os acessos à cidade de Luciara (1.167 km a Nordeste de Cuiabá) além de incendiar casas de “retireiros”. Um terceiro mandado ainda está em aberto. Em Suiá Missú também foram presos algum moradores sob a mesma acusação, quando protestos para evitar o despejo dos produtores rurais locais acabaram em conflitos com forças policiais.

As manifestação visavam impedir a ida do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio) para fazer inspeções no local com o objetivo de criar uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS), na qual a vegetação seria protegida, permitindo apenas atividades agroextrativistas. 

Segundo informações da PF, supostos posseiros que ocupam a área da União cujo destino deverá se tonar uma RDS temem ser expulsos da região a exemplo do ocorrido com os antigos fazendeiros de Suiá Missú, os quais foram despejados em uma operação de desintrução, coordenada pela Polícia Federal, realizada com apoio da Polícia Rodoviária Federal e Força Nacional e com suporte logístico do Exército, entre o fim de 2012 e começo de 2013.

Suiá Missú é atualmente ocupada por índios da etnia Xavante, que haviam sido retirados daquela mesma região pela Força Área Brasileira (FAB) na década de 1960, para facilitar a colonização da área. No local surgiu a Agropecuária Suiá Missú, inicialmente de propriedade do colonizador Ariosto da Riva, comprada depois pelo Grupo Ometto e depois pela Agip Petroli, cujo um dos maiores acionista é o banco Ambrosiano, do Vaticano, que rendeu a fazenda a fama de pertencer ao papa.

Desde a década de 1980 os xavantes intensificaram as campanhas para retornar àquelas terras e desde então, até 2013, os fazendeiros resistiram com vários protestos na tentativa de evitar a criação da terra indígena que, segundo eles, foi relocada a posição original e, portanto, seria estabelecida em local errado.

De acordo com o ICMbio, em Luciara, ao invés de índios, os beneficiados pela RDS seria um grupo de pioneiros da região, filiados a Associação de Retireiros do Araguaia, que trabalham com atividades extrativistas. Por enquanto, eles se dizem vítimas de ameaças, além de incêndios criminosos por partes dos produtores rurais, de forma similar aos índios xavantes de Marãiwatsédé, que já denunciaram incêndios e “chuvas de agrotóxico” supostamente executadas pelos fazendeiros da região.
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 

Comentários no Facebook

xLuck.bet - Emoção é o nosso jogo!
Sitevip Internet