O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, na tarde desta quinta-feira (02), que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), não pediu para encontrá-lo. Ele disse que o receberia quando o senador requisitasse.

O presidente do Senado tem sido alvo de diversas denúncias nas últimas semanas, após a revelação da aprovação de atos secretos que teriam beneficiado seus familiares. Partidos da oposição vêm pressionando por seu afastamento até a apuração das acusações.

Após cerimônia para anunciar a regularização da situação de imigrantes no Brasil até fevereiro deste ano, no Palácio da Justiça, Lula afirmou: "Ele [Sarney] não pediu [para encontrar Lula], minha filha. Eu o receberia a hora que fosse, ele é presidente do Senado."

Reciprocidade

"Não só somos um povo misturado, mas também gostamos de ser um povo misturado, daí vem grande parte de nossa força, de nossa alegria", afirmou Lula, após sancionar projeto de lei que legaliza a situação de cerca de 50 mil estrangeiros no Brasil.

Lula afirmou ter consciência de que os brasileiros imigraram para todo o mundo. No Paraguai, por exemplo, a comunidade de "brasiguaios" ultrapassa 400 mil pessoas. "E é bom que seja assim, que criemos um mundo sem fronteiras ou com fronteiras mais maleáveis", disse Lula.

"Não queremos nenhum privilégio, queremos que tratem os brasileiros no exterior como tratamos os estrangeiros no Brasil", alfinetou Lula. No ano passado, o número de brasileiros impedidos de entrar na Espanha e na Inglaterra aumentou sensivelmente, a ponto de justificar intervenções diplomáticas junto ao governo desses países.

Imigração

O projeto de lei determina que todos os estrangeiros que tenham ingressado no Brasil até 1º de fevereiro de 2009 e estejam em situação migratória irregular podem requerer residência provisória por dois anos. Noventa dias antes do término deste prazo, a residência será transformada em permanente.

Os estrangeiros beneficiados terão os mesmos direitos e deveres de brasileiros natos, com exceção dos privativos a quem nasceu no Brasil, como candidatura a cargos eletivos e a carreiras como a diplomacia.

Na última anistia para estrangeiros em situação irregular no país, em 1998, foram beneficiados 39 mil estrangeiros.

O ministro da Justiça, Tarso Genro, criticou o que chamou de "criminalização do imigrante que vem sendo vista na Europa" e afirmou que o Brasil é um país "aberto e generoso", que segue no caminho oposto. "Esse é mais um exemplo que o Brasil quer dar ao mundo", completou Lula.

"Vim com roupa de migrante, um pouco de Bolívia e com um pouco de Paraguai", afirmou o presidente, apontando para o paletó azul marinho com listras horizontais coloridas.

Em meio a gritos de sindicalistas em greve que protestavam do lado de fora do Palácio da Justiça, Lula ironizou para Tarso Genro: "Bota ordem na Casa".