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Domingo, 05 de maio de 2024

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CVV diz que imprensa precisa rever tabu sobre suicídios e compara à Aids: tem que falar para esclarecer

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CVV diz que imprensa precisa rever tabu sobre suicídios e compara à Aids: tem que falar para esclarecer
Mesmo ainda sendo tratado como um ‘tabu’ pelos veículos de comunicação, o suicídio precisa ser trazido para o hall de discussões da mídia segundo o Centro de Valorização da Vida (CVV). Na visão da entidade, a visão das escolas de comunicação de simplesmente ignorar o tema é antiquada. Segundo o CVV o suicídio é um assunto 'espinhoso 'como a Aids, que precisa ser falado para esclarecer.


“O jornalismo ainda trata o suicídio como tabu, mas ele é como é Aids, precisa ser debatido, tem ser falado para que as dúvidas sejam esclarecidas e para que as pessoas que estejam propensas a cometê-lo saibam onde possam procurar ajuda”, explica a voluntária do CVV em Cuiabá, Isaura Titon.

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Na visão do CVV, é de extrema importância a divulgação de casos em que a história do suicida não é trazida à tona com riqueza de detalhes para evitar qualquer tipo de identificação com potenciais vítimas. A cobertura também deve encorajar pessoas pré-dispostas a fazer o mesmo a procurar ajuda.

“A questão precisa realmente ser debatida, não esquecida. Os índices mundiais de suicídios têm aumentado em todo o mundo e as escolas de comunicação ainda insistem em ter como referência um estudo do século 1700 chamado Efeito Werther, que diz que quando um caso de suicídio é divulgado, gera o efeito imitação e causa outras mortes deste tipo em massa”, explica Isaura.

Segundo Isaura, as pessoas têm estado cada vez mais angustiadas vendo pessoas morrerem perto delas e sem saber como ajudar. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) trazem à tona um número assustador: cerca de um milhão de pessoas se suicida a cada ano e uma grande porcentagem delas padece de depressão profunda. Mais de 50% das pessoas que se suicidaram sofriam de depressão. Quem está perto de um depressivo nem sempre percebe os sinais e, quando ele chega a se matar, a família fica sem entender o motivo.

De janeiro a outubro deste ano, 107 pessoas suicidaram-se em Mato Grosso, segundo a Secretaria de Estado de Segurança Pública. O índice diminuiu se comparado com mesmo período do ano passado, no qual o número até outubro foi de 141. Em 2012, no entanto, o número foi mais alarmante: 393 casos entre tentativas e atos consumados.

Os sinais de alerta para o suicídio incluem:

■Falar em morrer ou prejudicar-se a si mesmo
■Expressar sentimentos fortes de desespero ou de se sentir encurralado
■Uma preocupação incomum com a morte ou em morrer
■Comportar-se de forma imprudente, como se tivesse um desejo de morte (por exemplo, excesso de velocidade , passar no sinal vermelho)
■Querer telefonar ou visitar algumas pessoas para dizer adeus
■Verbalizar frases como “As pessoas ficariam melhor sem mim”ou “qualquer dia acabo com isto tudo.”
■Mudança repentinas mudando de um comportamento extremamente deprimido para agir de forma calma e alegre

Efeito Werther

Supostamente ocorre logo após o surgimento de histórias de casos reais de suicídio, principalmente quando noticiados em jornais distribuídos em regiões geograficamente próximas. Também é conhecido como “efeito de imitação”, e é mais provável que ocorra quando pessoa que se mata é famosa. Um caso marcante é a epidemia de suicídios que se seguiram à morte de Marilyn Monroe, em 1962.

O nome Efeito Werther refere-se ao romance de Johan W. Von Goethe chamado ”Os Sofrimentos do Jovem Werther” (1774), que conta a história de um jovem que, após uma desilusão amorosa, cometeu suicídio com um tiro na cabeça. A venda do livro foi proibida em várias partes da Europa, pois desencadeou uma onda de suicídios entre jovens que usaram o mesmo método usado pelo protagonista do jogo.

Onde procurar ajuda:

Lar de Amparo Eurípedes Barsanulfo

Em Cuiabá funciona desde 1995 o Lar de Amparo Eurípedes Barsanulfo, cujo objetivo é tratar pessoas com depressão, tentativas de suicídio, que passaram pela perda de entes queridos, com síndrome do pânico, separação de casais, tentativas de aborto, distúrbios do sono ou da alimentação, bem como quaisquer outras doenças denominadas ‘da alma’. No local o paciente fica internado e recebe todo auxílio médico, psicológico e espiritual, até que possa voltar para casa. Tudo isso é oferecido de forma gratuita para a população.

De acordo com a coordenadora voluntária do Lar de Eurípedes, Fransoize de Jesus Magalhães, de 1995 até 2013, cerca de 5.300 pessoas já receberam tratamento e ficaram internadas na instituição que é ligada às Obras Sociais Wantuil de Freitas, localizada no Bairro 1º de Março, em Cuiabá. Segundo ela, os índices de cura são altos.

“A depressão não pode ser tratada como frescura, é uma doença. Temos visto muita gente morrendo e um índice crescente de suicídios justamente por falta de um tratamento adequado. No Lar de Eurípedes além do tratamento médico, essas têm educação física, laborterapia, fluidoterapia, musicoterapia, apoio fraterno, evangelhoterapia e aulas e estudo em grupo”, disse.

Ao todo são 30 leitos disponíveis sendo 15 para homens e 15 para mulheres. Cerca de 70 trabalhadores voluntários se revezam diariamente para dar todo suporte às pessoas internadas. O local sobrevive exclusivamente de doações e não recebe nenhum tipo de ajuda do governo.

“A nossa expectativa é de aumentar o número de leitos para 100. Para isso estamos construindo uma nova sede, aqui mesmo no terreno do Centro Espírita Wantuil de Freitas. Mas fazemos tudo com apenas com as doações, porém o que recebemos muitas vezes oque chega pra nós só dá para cobrir as despesas do Lar e não sobra para tocar a obra”, diz a coordenadora.

Fransoize adverte que para os que estão pensando em se matar na esperança que a vida acaba com a morte, é bom que leiam o livro de ‘Memórias de Suicida’, de Ivone Pereira. “É um alerta pois o problema não acaba com a morte, ao contrário, começa uma grande dificuldade diante da infringência da lei de Deus”, finalizou.

Maiores informações sobre internações ou como ajudar o Lar de Eurípedes podem ser obtidas no 3649 5851 ou pelo 99831028.

Centro de Valorização da Vida (CVV)

O atendimento é 24h pelo telefone 141 (Cuiabá e Várzea Grande) e (65) 3321-4111 (interior de Mato Grosso). Todos os atendentes são voluntários que atuam em diversas áreas, mas que têm em comum a vontade de ajudar e ouvir.
Ajuda essa que, levando em consideração a taxa de suicídios na capital e interior de Mato Grosso, é muito bem-vinda. Os voluntários passam por 13 semanas de treinamento e, depois disso, fazem reuniões mensais onde o aprendizado é constante para ‘saber ouvir’.

São, em média, 14 ligações por dia, seja de manhã, à tarde, à noite ou de madrugada. O perfil de quem liga no CVV não é padrão. São pessoas de todas as idades, classes sociais e filosofias de vida. O que todas elas têm em comum é a necessidade de falar. Contar suas angústias, tentar aliviar a solidão, o sentimento de vazio e a depressão. “Mas não raro pessoas ligam para compartilhar alguma alegria, algo bom que aconteceu”.

Mas os atendentes não só ouvem, pois dessa forma quem liga iria sentir-se sozinho do mesmo jeito. A conversa que se desenvolve, no entanto, não é como as interações cotidianas. No dia a dia, quando dialogamos com alguém, argumentamos, contra-argumentamos, chegamos a conclusões ou a mais dúvidas. “Mas no CVV, o atendente demonstra compreensão. Ele não está lá para argumentar, mas para te entender, demonstrar que a pessoa não está sozinha”.

De fato, os atuais 48 voluntários do CVV Cuiabá passam por extensivos cursos para aprender a não julgar as pessoas, mesmo que indiretamente. Mesmo que não se concorde com o que a pessoa que ligou diz ou quer fazer, deve-se demonstrar compreensão, aceitar sem julgamento e, principalmente, ouvir.

O CVV também oferece atendimento pessoal. É só ir até a sede, na Rua Comandante Costa, nº 296, Centro, e tocar a campainha. Um voluntário plantonista fará o atendimento em uma cabine. “A grade é só por questão de segurança. O atendimento é diário, das 8h às 18h”, explica a membro da coordenação da entidade, Isaura Titon.

Serviço

Como o CVV vive de seus voluntários, que não só atendem o público, mas também mantêm a instituição, qualquer doação é bem-vinda.
Para fazer uma doação, é só depositar ou transferir a quantia desejada para conta do Banco do Brasil da Fraternidade de Apoio à Vida.
Agência: 0046-9
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