O presidente da República em exercício, José Alencar, 77 anos, se submeteu ontem a uma cirurgia de seis horas para desobstrução do intestino. O procedimento, realizado no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, foi a 14ª cirurgia de Alencar. Ele luta contra o câncer desde 1997.

A previsão inicial era de que a operação durasse entre três e quatro horas. O prolongamento ocorreu porque, ao desobstruir a primeira alça do intestino delgado, os médicos encontraram novas obstruções, causados pelos tumores que Alencar tem na cavidade abdominal.

O oncologista Paulo Hoff não descartou a hipótese de que novas obstruções voltem a ocorrer. O médico afirmou que o prolongamento da cirurgia se deveu às operações a que Alencar se submeteu anteriormente e aos tumores no local da operação.

"O vice-presidente já sofreu um número muito grande de cirurgias. Quando isso acontece, a cavidade abdominal se torna bastante difícil para o cirurgião ter acesso, existe uma quantidade de fibrose muito grande", disse.

À noite, o cirurgião gastroenterologista Raul Cutait disse que a operação havia sido um sucesso. Segundo o cardiologista Roberto Kalil Filho, Alencar deve passar até dois dias na UTI e ao menos uma semana no hospital.

Tão logo houve a opção pela cirurgia, o presidente Lula, que está em Genebra para a reunião do G8, foi avisado. Os dois se falaram por telefone pela manhã. Mesmo durante a cirurgia ou internado, Alencar continua a exercer o cargo de presidente.

Com o presidente interino sem condições de eventualmente agir, assinar documentos ou tomar decisões urgentes, Lula será acionado. Em caso de extrema gravidade, cabe a ele qualquer decisão, pois não está licenciado.

A hipótese de o presidente do Congresso, deputado Michel Temer (PMDB -SP), assumir a Presidência é no caso de Alencar não resistir à cirurgia e Lula estar fora do Brasil. Lula voltaria ao país hoje à noite.