A conquista do apoio da maioria do agronegócio, a influência de seus líderes e suas milhares de sacas de grãos em doações ampliam a queda-de-braço do grupo da presidenta Dilma Rousseff (PT) com a oposição. E tanto o Palácio do Planalto quanto os coordenadores da aliança sabem que a conquista do agronegócio passa necessariamente pelo apoio do senador Blairo Maggi (PR), um dos poucos que transita com desenvoltura dentro e fora das fazendas, de Norte a Sul do Brasil.

“Sem dúvida, Blairo Maggi não ser candidato realmente é um complicador. Vamos buscar uma forma de manter o apoio majoritário do agronegócio à presidenta Dilma, mas quem assume as rédeas [sem Maggi] ainda é uma incógnita”, reagiu o presidente nacional do PT, Rui Falcão, em conversa com aliados de Mato Grosso, reproduzida para o governador Silval Barbosa (PMDB).

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Nesse contexto, na temporada de caça aos eleitores, Maggi se torna essencial para Dilma e, de uma forma geral, aos candidatos à Presidência da República que apontam suas baterias para o agronégocio. “É o setor estratégico em qualquer campanha nacional. E os representantes da oposição parecem estar conseguindo se mover melhor entre os representantes do setor do que fez até agora a presidente Dilma Rousseff”, admitiu um interlocutor próximo de Maggi.

O senador mineiro Aécio Neves (PSDB), ao participar da Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), se auto-intitulou “candidato do agronegócio”. E Aécio é terá seu palanque montado na terra de Marechal Cândido Rondon pelo senador José Pedro Taques (PDT), oposição a Dilma.

“Os tucanos compreenderam que, para Aécio, é vital para que sua candidatura presidencial se mantenha competitiva. Além de se apresentar para esse eleitor, Aécio está tentando fazer o discurso que o setor deseja ouvir”, admitiu o presidente da Executiva Estadual do PSDB, deputado federal Nilson Leitão.

Investir na conquista de espaço no agronegócio é a mesma estratégia é utilizada pelo ex-governador Eduardo Campos (PSB), que tem como principal coordenador o prefeito Mauro Mendes (PSB), de Cuiabá. Supostamente partiu de Mendes, por exemplo, o incentivo a candidaturas proporcionais ligadas ao agronegócio, como o vice-prefeito Enderson Xuxu Dal Molin (PDT), de Sorriso, para a Câmara dos Deputados.

A expectativa é de que, além de engrossar o palanque de Taques, Xuxu Dal Molin contribua para Eduardo Campos correrr o interior do País atrás desses votos. No caso específico dele, tem ainda como novidade o fato de ser um novo nome na disputa presidencial, traz também a resistência que o setor do agronegócio tem à sua vice, a ex-ministra Marina Silva, do Meio Ambiente.

“Não é segredo para ninguém que Marina enfrentou divergências famosas com o setor por conta de suas posições à frente do Ministério, especialmente nas questões de combate ao desmatamento, código florestal e adoção de transgênicos”, cutucou o deputado mato-grossense Valtenir Silva (Pros), dissidente do PSB, em declaração à reportagem do Olhar Direto.

Dilma necessita de Blairo Maggi para mostrar que tem procurado sinalizar para os produtores do País com a liberação de financiamentos e também com maciça distribuição de máquinas, extremamente valiosas para cidades pequenas do interior.

A guerra pelo voto do agronegócio deve ser mais acirrada nos Estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Nas últimas eleições, mesmo com Maggi à frente, a maior parte desses locais se alinhou com os candidatos do PSDB. Por causa disso, o governo pode ampliar o investimento de sua campanha nessas áreas, atrás de votos importantes.