Os motoristas de ônibus decidiram radicalizar nesta sexta-feira (23) e determinaram que nenhum veículo deve sair das garagens. Já nesta manhã, cerca de 300 mil pessoas que dependem do transporte urbano em Cuiabá e Várzea Grande sentiram o efeito da revolta dos motoristas que estão incrédulos diante da proposta de reajuste apresentada pelos empresários, de 4,63%. Um valor que segundo a categoria não corrige nem a inflação anual. A classe trabalhadora requer um aumento salarial de 7,15% e o pagamento de R$ 400 de ticket alimentação.
Funcionários de empresa de ônibus furam pneus de micros
Com 100% dos ônibus parados, a classe desobedece à decisão da desembargadora Maria Beatriz Theodoro Gomes, do TRT-MT, que determinou que o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte Terrestre de Cuiabá mantenha 70% da frota rodando.
Como consequência do movimento grevista, o Terminal de Integração do bairro CPA 03 amanheceu fechado. As catracas que são abertas por funcionários de uma das empresas de ônibus da Capital permaneceram fechadas. Mesmo assim algumas pessoas decidiram entrar no local e aguardar o ônibus.
Luziane Fátima Assunção, de 40 anos, e sua filha, a estudante Luana Biatriz, 20, já contavam com duas horas de espera quando desistiram. “Estamos aqui desde as 6h e até agora vimos apenas três ônibus passar aqui no terminal”, contam. Luziane reside na região do CPA e trabalha como empregada doméstica no bairro Jardim Imperial. Para chegar ao local ela depende de dois ônibus.
Luziane entende que a greve tem como propósito o aumento salarial dos motoristas, entretanto tem dúvidas quanto aos interesses envolvidos no movimento. “Eu acredito que as empresas estão por traz disso, com o aumento dos salários eles vão querer aumentar a passagem também”, afirma.
A paralisação dos ônibus entra hoje em seu terceiro dia e não dá indícios de fim. A reunião de conciliação entre o Sindicatos das Empresas de Transporte Coletivo do Estado de Mato Grosso e dos Trabalhadores em Empresas de Transporte Terrestre de Cuiabá realizada na tarde desta quinta-feira (22), no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) foi considerada “nula” pelo sindicato que representa a classe trabalhadora. Sem acordo, a greve em Cuiabá e Várzea Grande segue até a próxima terça-feira (27), quando será realizada a reunião de instrução.
