O presidente do Conselho de Ética do Senado, Paulo Duque (PMDB-RJ), afirmou nesta quarta-feira que "não existe independência total na política". O peemedebista será o responsável por decidir se as denúncias contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), serão examinadas pelo colegiado.

Duque marcou para agosto a eleição do vice-presidente do conselho e a primeira reunião que vai discutir os desdobramentos das denúncias contra os peemedebistas.

Questionado se o colegiado ficaria desacreditado pela ligação dele com os denunciados, o peemedebista reconheceu que sua atuação não será totalmente independente. "Não existe independência total na política", afirmou.

O peemedebista disse que não conhece o teor das quatro denúncias contra Sarney e representação contra Renan. Duque tem nas mãos o poder de rejeitar sumariamente as denúncias e representações contra senadores. "Não tenho conhecimento das denúncias, mas vamos analisar durante o recesso", disse.

Duque negou que a sua escolha para comandar o órgão disciplinar tenha provocado um racha nos governistas. O peemedebista disse que não tinha conhecimento sobre a candidatura do senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) para a presidência do conselho, que foi rejeitada pelo PMDB.

O peemedebista disse que não sabe o motivo de ter sido indicado pelo PMDB. "Talvez tenha sido porque sou o senador mais velho na Casa. Agora, quero lembrar que tenho o respeito por cada um dos 81 senadores desta Casa e tenho uma profunda admiração pelo Senado que é capaz de ser o responsável por uma revolução", afirmou.

Além de Duque, Renan escalou senadores próximos que são considerados da sua tropa de choque. Os senadores Almeida Lima (SE), Wellington Salgado (MG), Gilvan Borges (AP), e Leomar Quintanilha (TO) vão representar o PMDB no conselho.

Conselho

O Conselho de Ética do Senado estava desativado desde março. Sarney foi levado ao conselho por uma representação do PSOL e três denúncias do líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM).

Os novos integrantes do conselho terão que trabalhar de acordo com as mudanças no regimento, realizadas em 2008, que obriga os relatores dos casos analisados a serem escolhidos por sorteio e de partidos diferentes dos representados.

O presidente do Senado foi denunciado por quebra de decoro parlamentar pela edição dos atos secretos porque teria beneficiado pelo menos 15 pessoas --entre aliados e afilhados políticos-- e também pela suspeita de que usou o cargo a favor da fundação que leva o nome dele.

Renan também foi denunciado pelo PSOL. É acusado de não ter agido para impedir a edição dos atos secretos --decisões administrativas mantidas em sigilo.

Integrantes

O colegiado é formado por 15 titulares. Antes da eleição, o líder do PR, João Ribeiro (TO), e o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), pediram nesta quarta-feira desligamento do conselho.

Ribeiro justificou que não se sentia à vontade para julgar companheiros. Valadares --que era cotado para assumir a presidência do conselho-- disse que deixa o órgão disciplinar porque não houve consenso em torno de seu nome para a presidência, o que poderia ampliar os desdobramentos da crise que atingem a imagem do Senado.

Confira os integrantes:

1.Demóstenes Torres (DEM-GO)
2.Heráclito Fortes (DEM-PI)
3.Eliseu Resende (DEM-MG)
4.Wellington Salgado (PMDB-MG)
5.Almeida Lima (PMDB-SE)
6.Gilvam Borges (PMDB-AP)
7.Paulo Duque (PMDB-RJ)
8.Marisa Serrano (PSDB-MS)
9.Sérgio Guerra (PSDB-PE)
10.Gim Argello (PTB-DF)
11.João Durval (PDT-BA)
12.João Pedro (PT-AM)
13.Inácio Arruda (PC do B-CE)