Uma entidade ligada à Fundação José Sarney tentou incluir em uma proposta enviada ao Ministério da Cultura itens com preços superfaturados e desvio de finalidade, como o pagamento de ginecologista, informa reportagem de Alan Gripp e Hudson Corrêa publicada nesta quinta-feira na Folha (íntegra somente para assinantes do jornal ou do UOL).

Segundo a reportagem, a Abom (Associação dos Amigos do Bom Menino das Mercês) buscava recursos via Lei Rouanet para uma escola de música que atende crianças carentes de São Luís (MA).

O projeto foi aprovado pelo ministério "com ressalvas" e teve o corte de R$ 210 mil. Apesar disso, foi autorizado um investimento total de R$ 978 mil para quem tiver interesse em patrocinar a escola de música --o que será revertido em benefícios fiscais.

A reportagem foi até a sede da Abom e verificou que não há sinal de atendimento médico. A Folha informa ainda que a Abom e a Fundação José Sarney tem sete diretores em comum, entre eles Ronald Furtado Sarney, irmão do presidente do Senado, José Sarney (PMDB).

Sarney sofre pressão para deixar a presidência do Senado desde que foram divulgadas supostas irregularidades na fundação, envolvida em denúncias de irregularidades com a Petrobras.

A fundação é acusada de desviar ao menos R$ 500 mil dos recursos repassados pela Petrobras para patrocinar um projeto cultural. O dinheiro teria sido desviado para empresas fantasmas e empresas da família do senador peemedebista.

Segundo reportagem publicada na semana passada no jornal "O Estado de S. Paulo", o dinheiro teria ido parar em contas de empresas com endereços fictícios e contas paralelas. O projeto nunca saiu do papel.