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Quinta-feira, 16 de maio de 2024

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após monitoramento Lava Jato

Dano ambiental supera R$ 1 mi e 'retorno' com exploração pode chegar a R$ 48 milhões; mandados em MT

Foto: Ilustração/Poconet

Dano ambiental supera R$ 1 mi e 'retorno' com exploração pode chegar a R$ 48 milhões; mandados em MT
O dano ambiental estimado pela Polícia Federal, que desencadeou na manhã de hoje (8) a operação Crátons, para o combate a extração e venda de diamantes, é de R$ 1 milhão em apenas um ano. A estimativa foi apresentada pelo delegado Bernardo Guidali Amaral, da Superintendência da PF em Rondônia. Em Mato Grosso, quatro ordens judiciais foram cumpridas nas cidades de Juína e Jaciara contra pessoas que comercializam ou possuem conhecimento da situação de extração ilegal. No total, 90 ordens (sendo 11 de prisão preventiva, 41 de busca e apreensão, 35 de conduções coercitivas, além de 3 intimações para comparecimento a oitivas) foram expedidas. Mato Grosso e outros nove estados foram alvos da ação.

 
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De acordo com o delegado, “apuramos  o destino que foi dado aos  diamantes e se incorreram em eventual lavagem de dinheiro. É difícil quantificar o total da exploração, mas só no último ano  o que se extraiu  de madeira para viabilizar a exploração é de R$ 1 milhão. Esse é o valor mínimo”.
 
A operação Crátons é um desdobramento do monitoramento de dois envolvidos na Operação Lava Jato que levou a Polícia Federal  a tomar conhecimento de que eles estavam financiando a retomada do Garimpo Lage, mais conhecido como Garimpo de Roosevelt, em uma das maiores jazidas de diamantes do mundo. O garimpo está localizado nas terras dos índios Cinta-Larga, em Rondônia.

Outra estimativa apresentada pela PF, é de que para cada R$ 1 milhão financiado, dinheiro que era usado na compra de máquinas e combustíveis e no pagamento de funcionário e indígenas, obtinha-se um retorno de R$ 6 milhões. “Ou seja, em seis meses, o potencial de retorno era R$ 12 milhões. Como isso vem sendo feito desde 2013, os valores podem chegar a R$ 48 milhões. Mas esse é um número a ser confirmado”, disse o delegado Bernardo Guidali.

Ele ainda estimou que até o meio do ano, havia cerca de 700 garimpeiros trabalhando no local. “Só com o que foi extraído de madeira no último ano, visando ao funcionamento do garimpo, contabilizamos mais de R$ 1 milhão, valor que já está estipulado como dano mínimo ambiental”, informou o delegado. “O rasgo do garimpo na mata cresceu 30% desde 2013, o que comprova que a atividade vinha sendo exercida a pleno vapor, em uma das maiores jazidas do mundo, com diamantes de ótima qualidade”. A PF trabalha ainda com a hipótese de que algumas das pedras obtiveram certificação falsa, como se tivessem sido extraídas de garimpos legais.

Entenda:

Duas pessoas monitoradas na Lava Jato, em Brasília, tiveram interceptação de ligações e e-mails. No decorrer das investigações foram apontados como envolvidos com o financiamento da atividade dentro do garimpo, adquirindo máquinas e contratando funcionários. Depois de retirados, os diamantes eram enviados ao grupo que financiou a atividade. 

A partir dessa constatação, os investigadores conseguiram identificar empresários locais e alguns indígenas – entre eles caciques – que participaram do esquema. Onze mandados de prisão foram expedidos pela PF, todos em Rondônia. Segundo a Polícia, cinco dos envolvidos são empresários do garimpo e seis, indígenas. Até a tarde de hoje, sete pessoas foram detidas pela ação. 

Em Brasília, os policiais cumpriram mandados em residências e salas dos responsáveis pelo financiamento da extração do garimpo. “Há ligações muito fortes entre empresários e cooperativas e associações indígenas”, informou Amaral.

Em coletiva, o delegado pontuou que outros inquéritos já haviam sido instaurados porque garimpos ilegais são problema crônico em Rondônia. Em 2004, 24 garimpeiros foram assassinados pelos índios, por estarem praticando a atividade irregularmente em Roosevelt. Por esse motivo, alguns caciques chegaram a ser presos na época. “No início de 2014, recebemos informação da Funai [Fundação Nacional do Índio] de que havia garimpo no local. Fizemos, então, sobrevoo e constatamos, entre abril e maio, a atividade. A partir de então, instauramos inquéritos. Mas foi no meio do ano passado que teve início o compartilhamento de provas com a Lava Jato”, informou o delegado. Segundo ele, as investigações trabalham com a hipótese de que as pedras tenham sido usadas para lavagem de dinheiro.

Apesar de a investigação ter começado em 2014, foi comprovado que, desde 2013, havia a participação dos financiadores, envolvidos também na Lava Jato. O garimpo na região começou a ser intensamente explorado em 2000. Ao longo dos anos, em diversos momentos, o garimpo foi fechado a partir de atuações da PF, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Funai.
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