Sales Lourenço é o administrador por trás de três grandes cemitérios de Cuiabá: Piedade, Porto e Coxipó da Ponte. A frente do cargo desde 2012, ele conta que largou a profissão de enfermeiro, depois de 22 anos, para se dedicar aos sepulcros. Atualmente, os três locais são administrados por três funerárias que obtiveram concessão da Prefeitura de Cuiabá e criaram uma única empresa que realiza a gestão.
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A expectativa é que neste dia de Finados (2) cerca de 40 mil pessoas passem pelos três cemitérios. Desses visitantes, aproximadamente 25 mil devem ir ao da Piedade, na região central de Cuiabá. Em entrevista ao Olhar Direto, ele explica como é o funcionamento desses locais na data de maior movimento do ano. Os três cemitérios têm programação especial para a data.
Sales diz que o trabalho de administração dos cemitérios é bem tranquilo, mas se intensifica apenas nesta data, período em que acontece o reforço na equipe. “Temos 12 funcionários ao todo, que trabalham nos três cemitérios, mas desde outubro temos mais 10 temporários que estão conosco como reforço para a data de finados”.
O maior trabalho, segundo ele, é a sujeira que fica depois das visitas. "Isso é o problema, temos que fazer uma força-tarefa pós-finados. A gente sempre orienta, mas tem aqueles que tiram o lixo do túmulo que vão visitar e jogam do lado. As flores, por exemplo, tiramos depois de uma semana porque elas murcham e voam pelo cemitério, e quando elas estão embaladas com plástico é pior”. Logo que terminou de falar, Sales se abaixou para juntar uma sacolinha que corria entre os jazigos.
Apesar de ser uma cultura do cuiabano frequentar os cemitérios e cuidar dos jazigos, Sales diz que são vários os casos de abandono e falta de pagamento. “A prefeitura faz a cobrança, esses últimos dias muitas pessoas vieram regularizar a situação. Como não temos ossário, nós não retiramos ninguém daqui. O único cemitério que tem ossário em Cuiabá é o do São Gonçalo, onde acontecem sepultamentos de pessoas carentes e indigentes”.
Além das visitas, muitos gostam de “embelezar” os jazigos, cobrindo-os com azulejo, pedras, estátuas ou até construindo pequenos mausoléus. Para realizar essas modificações é preciso uma autorização da prefeitura. “A pessoa responsável pelo jazigo pega uma autorização na prefeitura e paga a taxa de embelezamento. Depois disso ela pode contratar o serviço de quem quiser pra fazer o trabalho, alguns que trabalham no cemitério são autorizados a fazer esses trabalhos em seu horário de folga”.
O mototaxista Giovani Souza reclamou da situação enquanto limpava um jazigo no Cemitério do Porto. “Quando eu quis arrumar aqui, me disse que eu precisava da autorização da Prefeitura e que depois tinha que contratar um dos que trabalham aqui para fazer o serviço. E eles não cobram barato não, paguei R$7 mil para azulejar e já está estragando. A gente acha que depois que morre acabou, mas não, hoje é caro até para morrer”.
O Dia de Finados
Nesta quarta-feira (2) os cemitérios, em parceria com a vendedora de seguros funerários Pax Nacional, distribuem um botão de rosa para cada visitante, para que faça sua homenagem. O cemitério também disponibiliza banheiros químicos e água gratuitamente. Os ambulantes ficam do lado de fora do cemitério.
A expectativa do administrador para esta quarta-feira (2) de finados é de que 40 mil pessoas visitem os três cemitérios, que terão programação especial para a data. A missa no Cemitério da Piedade acontece às 06h acompanhada de um café da manhã oferecido pela administração do local, com demais celebrações durante o dia também às 08h, às 10h e às 17h. O local fecha às 18h. Já no Cemitério do Porto, as missas acontecem às 7h, com café da manhã, e às 17h, com fechamento também às 18h. No Cemitério Coxipó da Ponte o funcionamento começa às 6h, com o café da manhã, e a missa será apenas às 8h30, com fechamento às 18h.
“Ninguém se prepara para a morte”
A experiência de 14 anos de trabalho na Pax Nacional acompanha o vendedor de seguros João Corrêa. Há dois anos ele oferece planos funerários e também atenção na porta do Cemitério do Porto, um “trabalho social” como ele mesmo define.
“Eu sempre recomendo o plano funerário e não é só porque eu trabalho com isso, mas porque quanto menos problemas nesse momento, melhor. Pra tudo a gente se prepara na vida, mas ninguém se prepara para morrer. Hoje você pode chegar a gastar R$12 mil com um enterro, incluindo a urna, a preparação do corpo, o cemitério. Nós temos planos só para a urna e outros que incluem os gastos com o cemitério também”.
