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Terça-feira, 30 de abril de 2024

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"O racista se incomoda com o sucesso dos negros”, diz ativista sobre ofensas contra mato-grossense do The Voice Kids

Foto: Reprodução

Franciele Fernandes foi vítima de racismo em rede social

Franciele Fernandes foi vítima de racismo em rede social

As ofensas racistas sofridas pela cantora mirim Franciele Fernandes uma das participantes do programa The Voice Kids, provocou revolta em representantes do movimento negro e estudiosos de questões étnicos raciais de Mato Grosso. De acordo com o ativista Manoel Silva, membro do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, o que ocorre é que pessoas racistas não podem aceitar o sucesso e a fama de personalidades negras. 


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“O racista se incomoda com o sucesso dos negros. Porque essas personalidades estão justamente mostrando a beleza do negro. Pessoas como a Franciele, a Thaís Araújo e cantora Ludmila são artistas que não têm vergonha de sua cor, do seu cabelo e da sua raça. E isso incomoda muito”, comenta. 

Franciele Fernandes, cantora de 16 anos que se classificou para uma segunda fase do programa The Voice Kids, recebeu o apoio do cantor Milton Nascimento, no facebook. Milton chamou a jovem de "irmã de música" em uma referência à canção que a classificou no programa, "Maria, Maria". Nos comentários da publicação, um dos segudiores de Milton escreveu "essa neguinha não canta nada.."

Este caso, segundo Manoel, é um exemplo de que a intolerâncias nas redes sociais é uma razão social do racismo no Brasil. O ativista que também é membro do Grupo de Consciência Negra de Mato Grosso (Grucon-MT), explica que,esses crimes são ainda mais visíveis atualmente porque eles se manifestam através dos ataques as personalidades, principalmente aquelas cultuadas e seguidas por pessoas que não são racistas.

Visibilidade

O secretário-geral do Conselho, Pedro Elias Oliveira, corrobora as afirmações do colega. De acordo com ele, o perfil do racista nas redes sociais costuma se repetir: é alguém que se aproveita de uma certa condição anônima para atacar pessoas com visibilidade e proeminência. 

“É lamentável viver um país assim. Em pleno século XXI e ainda temos que conviver com atitudes como esta. Nós sabemos bem qual é o perfil desse tipo de pessoa: é gente filho de papai que não tem nenhum pouco de educação e que comete crimes como estes”, comenta ele.

Apesar de os casos com famosos darem visibilidade e incentivarem denúncias, a visão que os dois ativistas têm sobre a questão é a de que, fora do espaço on-line, os casos são ainda mais recorrentes. E o pior: os racistas não são punidos corretamente.

“E a gente sabe que fora da imprensa e da mídia, ataques racistas são muito mais comuns, tanto em instituições públicas quanto privadas. E pior de tudo é que isso acontece em silêncio, sem que o poder público saiba e às vezes quando sabe não soluciona o problema”, afirma Pedro Elias.

Soluções

Pedro explica que são dois os motivos pelos quais continuamos a presenciar manifestações racistas no país: a falta de punição e a falta de educação dos cidadãos. Ele lembra que já existe uma lei para garantir que as escolas combatam o preconceito ainda cedo. A lei 10639/2003 prevê que as unidades de ensino público devem garantir o ensino da história e cultura africana.

O outro caminho, conforme conta, seria a garantia de punição para os crimes investigados e apurados pela polícia. Uma das alternativas para que isso funcione bem na prática seria a criação de uma delegacia especializada para apurar crimes raciais.

“Hoje quando uma mulher é agredida, por exemplo, ela pode não denunciar, mas uma delegada da mulher tem poder de fazer esta denúncia. Com o racismo não é assim, o negro não tem o acompanhamento que seria necessário, crimes como estes não chegam nem a ser apurado”, comenta.

Conselho Municipal

A questão legislativa, de acordo com Pedro, também é um problema no que se refere aos trabalhos do Conselho Municipal. Ele conta que, fora das redes, é muito mais difícil punir racistas corretamente. Isso porque o próprio Conselho não tem poder “deliberativo” e muitas vezes não pode acompanhar o andamento das investigações.

“O Conselho hoje é apenas consultivo. O ideal seria que ele fosse deliberativo. Hoje quando nós recebemos uma denúncia ou um quando negro relata ter sofrido ataques preconceituosos nós podemos fazer o encaminhamento e aconselhá-lo, mas não podemos fiscalizar os órgãos responsáveis para que apurem corretamente o crime”.

O conselho funciona na sede da Casa dos Conselhos, localizada na Avenida Dom Aquino, nº 184, Bairro Dom Aquino. O local já abriga os Conselhos de Direitos e de Política, como os de Direito da Pessoa Idosa, da Pessoa com Deficiência, da Criança e do Adolescente, da Mulher, da Atenção de Diversidade Sexual, bem como o Conselho Municipal de Assistência Social. O telefone do Conselho é (65) 3637-4062. 
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