Assediados por outros partidos, o deputado estadual Oscar Bezerra (PSB) estuda a possibilidade de desfiliar-se do PSB em decorrência da decisão do presidente nacional da sigla de dissolver a executiva estadual. O parlamentar, que ocupava o cargo de secretário de organização partidária, aguarda uma reunião com o deputado federal Fabio Garcia, presidente estadual destituído, para tomar uma decisão coesa com a maioria dos integrantes do PSB em Mato Grosso.

Leia mais:
Destituído da Presidência do PSB, Fabio Garcia recebe convite para integrar duas siglas

“No mínimo, ficar sem legenda é uma opção que eu tenho. Qualquer parlamentar tem [a opção] de se desligar, uma vez que não tem janela aberta”, afirmou Bezerra, sobre a possibilidade de se desvincular do PSB sem perder o mandato eletivo por infidelidade partidária. Segundo ele, PSDB, PSD e PP já fizeram convites em diversas ocasiões, antes mesmo da atual situação, mas a prioridade era o “projeto PSB”.

“Se eu fosse membro de qualquer outro partido, iria querer cooptar dois federais e quatro estaduais com a envergadura que são os deputados do PSB. Se o próprio partido, de repente, não tem essa leitura, é natural que os outros podem ser beneficiados com atitudes do próprio partido. Eu sou assediado faz tempo, não é só por causa desse fato. Já recebi vários convites. PSDB, PSD, PP já convidaram. Mas tínhamos o comprometimento em torno do projeto PSB. Agora esperamos a volta do presidente Fabio Garcia”, ponderou Oscar bezerra.

Ele defende ainda uma reunião com Garcia após o retorno do deputado federal de Brasília, no final de semana, para entender nos mínimos detalhes o ocorrido em Brasília. Depois disso, ele espera que seja tomada uma decisão conjunta por maior parte dos membros da sigla sobre que rumos tomar: uma desfiliação em massa, continuar no partido, ou outra solução.

Apesar de reconhecer a autonomia da Executiva Nacional em dissolver o diretório, ele considerou a decisão como autoritária e antidemocrática. Para ele, apesar de Fabio Garcia ser um representante do PSB, o parlamentar deve ter direito a votar conforme quer, pois foi eleito por mérito próprio.

Além disso, em um longo pronunciamento na Tribuna da Assembleia Legislativa, Oscar Bezerra defendeu todos os pontos da Reforma Trabalhista e chamou de “ideológica” as acusações de quem argumenta contra o texto aprovado na Câmara dos Deputados. De acordo com ele, nenhum direito dos trabalhadores foram retirados, pois o Artigo 7º da Constituição não foi alterado, bem como teriam sido garantido novos benefícios aos empregados.

Dissolução do Diretório

O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, dissolveu o diretório estadual de Mato Grosso em resposta a desobediência de Fabio Garcia na questão da Reforma Trabalhista. O diretório nacional havia fechado questão em votar contrário ao texto proposto pelo presidente Michel Temer (PMDB), mas o parlamentar de Mato Grosso votou a favor.

Da mesma forma, Carlos Siqueira também dissolveu diretório de Mato Groso do Sul, Ceará e Roraima, outros estados cujo PSB também é liderado por deputados federais que votaram a favor da Reforma Trabalhista. Por fim, todos 14 deputados federais do PSB que votaram a favor da Reforma foram tiveram processos abertos no Comitê de Ética da sigla e podem ser expulsos – entre eles, o próprio Fabio Garcia.

Entre outros pontos, a proposta permite que acordos coletivos se sobreponham às leis trabalhistas, acabam com o imposto sindical e retiram a participação dessas instituições no momento da rescisão dos trabalhadores. Além disso, acordos coletivos podem se sobrepor a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), bem como fica permitido ao patrão reduzir em 25% o salário do trabalhador caso seja alegada alguma crise.