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Quarta-feira, 01 de maio de 2024

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Contra a LGBTfobia

Debate sobre homofobia é ampliado mas falta de políticas públicas alimenta violência contra LGBTs

Foto: Reprodução

Debate sobre homofobia é ampliado mas falta de políticas públicas alimenta violência contra LGBTs
Agredidos por um desconhecido no último dia 6 de maio, o casal de estudantes Gabriel Araújo, 28, e Vinicyus Andrade, 22, entram para as estatísticas de crimes contra LGBT’s em Mato Grosso, onde, no último ano, seis pessoas foram mortas em crimes de homofobia. Tais episódios de violência são um retrato claro da falta de políticas públicas voltadas a esta população e do risco ao qual está exposta vivendo em um país onde um homossexual é assassinado a cada 25 horas. 


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Para reverter este quadro, foi criado o Dia Internacional da Luta Contra a LGBTfobia, 17 de maio. A data, segundo um dos membros do grupo Livremente, Clovis Arantes, é celebrada desde 1990, quando a homossexualidade foi retirada da lista internacional de patologias e passou a ser tratada como uma questão de direitos humanos. Desde então avanços foram constatados, mas ainda assim, há muito pelo que batalhar especialmente no que diz respeito a segmentos marginalizados no próprio grupo, como o das travestis e de pessoas transexuais.

“Hoje nós falamos mais sobre o assunto, o que é um avanço, já que antes não se falava nada. Agora, mesmo que de maneira equivocada ou que não contribuía, as pessoas promovem o diálogo. Sem o diálogo, a sociedade não amadurece para alcançar o respeito, por isso nosso desafio ainda é ampliar o debate”, explica. O mote, no entanto, esbarra na exploração do tema por políticos que apostam em uma plataforma conservadora e no discurso fácil do ódio para conquistar eleitores.

Saída do armário e rede de proteção

Na opinião de Clovis, é necessário que pais e professores saiam do armário para falar sobre o sofrimento dos jovens, que expostos a uma situação de vulnerabilidade ao assumir sua sexualidade. A partir deste entendimento, uma rede de proteção social proporcionaria a segurança necessária para ser quem são, especialmente em casos de maior vulnerabilidade social, como os dos homossexuais periféricos.

Muitas vezes distantes desta realidade, LGBT’s em Cuiabá também podem contar com o apoio de grupos como o próprio livremente, e  a Associação de Direitos Humanos e Sexualidade Liberdade Lésbica (Libles - MT), além dos serviços de um Conselho Municipal formado pela sociedade civil e instituições como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). No caso de Gabriel e Vinícius, as investigações são acompanhadas pelo Grupo de combate a crimes de homofobia do Estado (GECCH). Imagens da Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) já foram solicitadas para auxiliar nas investigações e identificação do crime.

Para além do debate, nestes espaços o desespero dá lugar à empatia de quem já passou pelos mesmos problemas e sofreu os mesmos preconceitos. Clovis destaca que o isolamento também tem sido o responsável pelo aumento nos casos de suicídio entre os gays. “Quando você procura um igual , alguém que passa pelas mesmas angústias, você percebe que não é o fim e consegue se fortalecer na busca por uma resolução. É claro que não podemos ajudar em tudo, mas podemos mostrar que não é o fim do mundo.”

Falta de políticas públicas

Embora o fator comum a ser combatido seja a homofobia, é preciso entender que o fenômeno se apresenta de diferentes formas em variados meios e classes sociais. A violência física que vitimou um casal de estudantes surge da ridicularização e da marginalização impostas a estas pessoas ao longo de suas existências. A negligência ao assunto, tratado como tabu, alimenta uma cultura repressiva que culmina em ocorrências como esta ou mais graves.

Deste modo, um conjunto de fatores contribuí para a manutenção desta cultura, como explica Clovis. Não existem políticas públicas voltadas à saúde, à educação ou ao trabalho para esta população, o que nos torna vulneráveis. “O jovem que é expulso de casa, por exemplo, não tem uma garantida de amparo, de moradia. No caso do trabalho, percebemos que uma parcela destas pessoas está relegada a subempregos, sem oportunidades para crescer.”

A informação diz respeito principalmente às travestis, empurradas para a prostituição por uma cadeia de eventos relacionados à homofobia que começa no abandono escolar, motivado pela falta de capacitação dos professores e pelo bullyng dos alunos. “Embora haja meninos que se prostituem, com certeza as travestis pertencem ao grupo mais vulnerável. Quantas travestis você conhece que estão no mercado de trabalho? Quantos empregadores dariam uma oportunidade a uma travesti?”

As conseqüências dessa combinação são traduzidas nos números da violência, elaborados apenas a partir de registros policiais. No entanto, paralelamente a eles, existem os casos que não chegam ao conhecimento das instituições. “Muitos não denunciam por vergonha, porque não querem dar visibilidade no trabalho ou outros meios. Temos ainda que lidar com o despreparo de alguns policiais, o que desestimula muitas denunciais.”
Para finalizar, Clovis conclama a população para luta por direitos. “Não apenas os LGBT, mas todos que entendem que direitos humanos devem ser garantidos à todas as parcelas da sociedade.” 
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