Responsável por provocar comoção na mídia e redes sociais ao chorar em reportagem sobre o quadro atual do Hospital Regional de Sorriso, o médico Roberto Satoshi Yoshida possui uma empresa que fornece materiais para a instituição sanitária. Nos últimos três anos, recebeu mais de R$ 3,2 milhões por serviços prestados ao hospital.
 
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O médico é proprietário da empresa Roberto Satoshi & Cia Ltda, que mantinha contrato com o Hospital Regional de Sorriso. Os registros disponíveis no Sistema Integrado de Planejamento, Contabilidade e Finanças (Fiplan), da Secretaria Adjunta do Tesouro Estadual (Sate/Sefaz), revelam que a empresa recebeu RF$ 510 mil do governo de Mato Grosso.  
 
A empresa de Satoshi Yoshida recebeu R$ 904,7 mil do governo de Mato Grosso, no ano passado e, em 2015, foram pagos R$ 1,83 milhões.  
 
Em tese, Yoshida não poderia ter empresa que fornece para o Hospital Regional de Sorriso, já que exercia a função de diretor-técnico da unidade. Desta forma, estava legalmente impedido de faturar o hospital na condição de empresário. Por conta dessa incompatibilidade e dos indícios de irregularidades na relação servidor-empresário, o médico deve enfrentar processo administrativo.
 
Entenda o caso

Durante entrevista à imprensa de Sorriso, na semana passada, Roberto  Yoshida se emocionou e até chorou frente às câmeras, para retratar o quadro vivido pelo Hospital Regional. Ele enfatizou que os problemas   poderiam culminar com o fechamento da unidade. Ele denunciou até falta de comida e materiais medicinais básicos.
 
Na última quarta-feira (24), uma equipe da Secretaria de Estado de Saúde foi a Sorriso acompanhar a transição da nova diretoria, já que a então diretora geral Lígia Leite entregou o cargo. A equipe da SES comprovou que, em nenhum momento, se registrou falta de alimentos e que os mercados não suspenderam a entrega.
 
Um servidor do hospital, inclusive, concedeu entrevista à Rádio Sorriso, a mais antiga da região, assegurando que achava que a estratégia usada era para pressionar o governo de Mato Grosso a regularizar os repasses pendentes.
 
Sobre a entrega dos gases medicinais, a secretária-adjunta de Serviços de Saúde, Inês Sukert, disse que a situação estava sob controle e que a empresa fornecedora só não havia entregue na terça-feira o produto por problemas de logística, mas que a entrega já foi feita.
 
A Secretaria de Estado de Saúde confirmou que Roberto Yoshida tem vínculo efetivo com a secretaria, em regime estatutário, e deve cumprir jornada de 40 horas semanais. Além do salário bruto de quase R$ 15 mil,  o médico, contratado como diretor técnico, recebia pela função mais R$ 16 mil, além dos rendimentos obtidos por meio do contrato da sua empresa - cadastrada como Pessoa Jurídica - junto ao hospital.
 
Na estrutura do Hospital de Sorriso não existe oficialmente o cargo de diretor técnico.
 
Pelo contrato mantido com o Hospital Regional de Sorriso, a empresa da qual o médico é sócio presta os serviços de “cirurgia geral em casos de emergência, urgência, procedimentos eletivos, ambulatórios, procedimentos cirúrgicos, pareceres, avaliações e assistência aos pacientes internados”. 

Outro lado

A reportagem do Olhar Direto não conseguiu contato com o médico Roberto Yoshida. A informação de uma secretária da diretoria do Hospital Regional de Sorriso, por telefone, era de que ele estaria "em reunião", nesta sexta-feira (26). O Olhar Direto também buscou contato com médicos próximos do diretor clínico, na expectativa de que se repnunciasse, mas não obteve êxito.


Atualizada às 14h56