Olhar Direto

Sexta-feira, 26 de abril de 2024

Notícias | Cidades

FALECEU NESTA MANHÃ

Cuiabano de chapa e cruz, Jorge Bastos Moreno ganhou o mundo e fez história no jornalismo brasileiro

14 Jun 2017 - 09:05

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Reprodução

Jorge Bastos Moreno

Jorge Bastos Moreno

Mas afinal, quem pode se dizer de Chapa e Cruz? Jorge Bastos Moreno, por exemplo, nasceu em Cuiabá em 23 de abril de 1954, mas logo ganhou o mundo. Mudou-se para Brasília em plena década de 1960, viu a Ditadura Militar e o AI-5 de perto. Não se intimidou. Registrou tudo e tornou-se jornalista. Ficou grande demais para a capital federal, foi para o Rio de Janeiro, onde gozou do prestígio de ser considerado um dos maiores repórteres de política do Brasil. Em "O Globo", acumulou prêmios e furos de reportagem. Trabalhou até o fim de sua vida. Morreu à 1h desta quarta-feira (14), aos 63 anos. Conheça abaixo um pouco da história deste profissional:


Leia mais:
Filho de Oscar Bezerra deixa UTI 17 dias após sofrer grave acidente

Diz um velho provérbio empresarial americano: “Um navio está seguro no porto, mas não é para isso que os navios foram feitos”. Assim foi Jorge Bastos Moreno, aguerrido, perspicaz nas análises, exímio entrevistador e escritor.

Ganhou destaque já aos 35 anos no histórico “Jornal de Brasília”, apresentando uma invejável agenda de fontes jornalísticas, entre políticos, intelectuais e artistas. Na capital federal, deu seu primeiro furo de reportagem: a nomeação do general João Figueiredo como sucessor de Ernesto Geisel no início do fim do regime militar.
 
Viu a ditadura cair. Foi contratado pelo “O Globo”, da família Marinho. Lá deu outros grandes furos. Durante o impeachment de Fernando Collor de Melo, em 1992, revelou importantes informações para a CPI de PC Farias, que à época buscava provas que ligassem o presidente a cheques de “fantasmas”. Suas informações ajudaram à forçar a renúncia de Collor.  
 
Furos não bastavam. Jorge Bastos então ganhou um Prêmio Esso de Informação Econômica, em 1999, com a reportagem sobre a queda do então presidente do Banco Central Gustavo Franco e a consequente desvalorização do real. Moreno obteve informações que mudariam o país naquela madrugada. Avisou os diretores que gritaram: “Parem as maquinas!” e todas as capas de “O Globo” foram alteradas para garantir o furo que pararia o país naquela manhã.
 
Sua importância era tamanha, narra “O Globo”, em editorial da manhã desta quarta-feira (14), que, nos corredores do Congresso, enquanto repórteres gritavam "Senador, Senador" ou "Deputado, Deputado", em busca de informações, com Moreno era o contrário: ao entrar no Congresso, eram os políticos que gritavam "Moreno, Moreno".
 
Foi colunista, entrevistador, apresentou programas na rádio CBN e comandou programas de talk show para a TV fechada, além de colaborar com a Globo News.  Lançou os livros reportagem “Ascensão e queda de Dilma Rousseff” e "A história de Mora - a saga de Ulysses Guimarães". Em qualquer canto do país, Jorge Bastos Moreno é reconhecido pelo que fez. Não é a toa que, entre tantos prêmios, seu maior título foi o de “colecionador de amigos”.

Colega de profissão, o repórter de Olhar Direto Ronaldo Pacheco conheceu Moreno e com ele trocou experiências e histórias. "Era meu amigo e amigo de Coutinho (Marcos Coutinho, diretor executivo do Grupo Olhar Direto, falecido em 2013), convivi muito com ele nas mesas de bar. Ele era um grande apreciador da culinária cuiabana, tanto que, logo quando teve condições financeiras, contratou uma cozinheira de Cuiabá para cozinhar para ele na década de 90, no Rio de Janeiro", conta. "Ele tornou-se conceituado por sua visão estratégica: ele e Cláudio Humberto Rosa e Silva foram os primeiros blogueiros independentes do Brasil", destaca o repórter, que lamenta a perda do colega.

Sobrinho do jornalista, Jeferson Preza Moreno confirma o amor que o colunista tinha pela culinária local. "Ele sempre foi muito ligado à terra, mesmo tendo se mudado para estudar jornalismo em Brasília, ele sempre teve Cuiabá como sua casa. Tanto é que, sempre que possível, trazia amigos e colegas de Brasília e do Rio para conhecerem aqui, Chapada dos Guimarães e a nossa culinária. Ele era amante da comida cuiabana e, por tanto, mesmo tendo morado fora, no eixo Rio-São Paulo-Brasília, para trabalhar, nunca perdeu contato com Cuiabá, que é onde fica seus amigos, sua família, onde seus pais foram enterrados, etc".

Para Jeferson, o falecimento do jornalista é uma perda para todos nós. "É uma perda para a família, uma perda para o jornalismo brasileiro e para todos desta terra cuiabana".   

Mas afinal, quem pode se dizer de Chapa e Cruz? Jorge Bastos Moreno, certamente pôde. Ele nos prova, afinal, que não é de Chapa e Cruz quem, necessariamente, nasce e vive nesta terra, mas quem aqui nasce e, seja onde for, nos desperta orgulho.
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 

Comentários no Facebook

xLuck.bet - Emoção é o nosso jogo!
Sitevip Internet