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Sexta-feira, 26 de abril de 2024

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​Dia de luta contra a violência

“O homem quando abusa uma mulher, ele nem a enxerga como um ser humano”, diz promotora Lindinalva Rodrigues

Foto: Rogério Florentino Pereira/ Olhar Direto

“O homem quando abusa uma mulher, ele nem a enxerga como um ser humano”, diz promotora Lindinalva Rodrigues
A data de hoje, 10 de outubro, é o Dia nacional de luta contra a violência à mulher. Em Mato Grosso, no primeiro semestre de 2017 já foram registradas 29.804 ocorrências de violência contra a mulher, seja ela verbal, sexual ou física. Número maior que o mesmo período de 2016, que teve 17.541 registros. A promotora Lindinalva Rodrigues, do Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher do Ministério Público, afirma que a data de hoje é um marco para dar visibilidade à igualdade de gênero. Ela acredita que para que a violência contra a mulher diminua serão necessárias mais polícias de prevenção e educação.


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“É preciso que haja uma conscientização para a igualdade, porque o menosprezo à mulher leva á violência. A mulher é vítima de desrespeito a todo momento e o desrespeito precede a violência”, disse a promotora.

Casos recentes como o do advogado em Tangará da Serra, que se masturbou em frente a uma mulher e não ficou preso, demonstram como a mulher é vista pelos abusadores. A história é semelhante ao caso do homem que ejaculou em uma mulher em São Paulo, e também chegou a ser solto.

“Nestes casos, é como se mostrasse aos homens que vale a pena tratar uma mulher como objeto, com lascívia, porque cometem os abusos e não ficam presos. O homem quando abusa uma mulher desta maneira, ele nem a enxerga como um ser humano. Outro exemplo é o marido que força a mulher a ter relação sexual contra a vontade dela, ele a enxerga como uma propriedade, como inferior. Isto precisa mudar”, afirmou.

A promotora percebe a data de hoje como um marco, para que a desigualdade e a maneira como as mulheres são desvalorizadas por diversos meios, possa mudar.

“Esta data é um marco importante para dar visibilidade à igualdade de gênero, porque nós padecemos de políticas públicas, de prevenção, punição e também de conscientização da sociedade, desde cedo, de que a mulher deve ser valorizada”.

Segundo ela, a violência começa muito antes dos casos mais graves. Ela diz que o machismo promove esta cultura de inferioridade da mulher.

“A violência começa nas pequenas coisas do dia a dia. Por exemplo, no preconceito com as mulheres que dirigem, mesmo contrariando as pesquisas culturalmente o homem a vê como má condutora. Porque a mulher paga mais barato em seguros porque se envolve menos em acidentes, mas a cultura machista não enxerga isso. Nós vivemos ainda em uma cultura machista, onde os homens são criados para ser os ‘machos’ e dominar, e isto nos traz muitos problemas”, afirmou.

Ela acredita que a cultura machista faz com que o homem se enxergue como superior e no direito de cometer abusos contra as mulheres.

“Até mesmo uma mulher, que é considerada a chefe da casa, quando sustenta a família, mesmo assim muitas delas ainda são vítimas de agressão pelos maridos, às vezes desempregados. Porque o homem se enxerga como superior. Quando ele assedia uma mulher na rua, mexendo com ela, e recebe um “não”, aí ele se volta contra ela xingando, ofendendo, agredindo, porque ele acha que pode fazer isto”.

Para que este cenário mude, a promotora diz que será necessário mais investimento em políticas públicas de prevenção, punição e conscientização, desde criança, sobre o valor da mulher.

“Então é importante esta educação voltada para a igualdade, para ensinar as crianças, meninos e meninas, desde a tenra idade, de que a mulher não é inferior ao homem, que a palavra da mulher deve ser respeitada, que os direitos dela devem ser respeitados, senão a situação não se resolve”.
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