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Sábado, 04 de maio de 2024

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Caderno de Indicadores

Taxa de suicídios em Mato Grosso é menor que do país; número de desaparecidos é 62% maior

Foto: Reprodução/Ilustração

Taxa de suicídios em Mato Grosso é menor que do país; número de desaparecidos é 62% maior
O Caderno de Indicadores de 2017, publicado pela Secretaria de Estado de Planejamento (Seplan), aponta que a taxa de suicídios em Mato Grosso é menor que a do país. Ao todo, são 3,6 ocorrências para cada 100 mil habitantes. Além disto, o estudo mostra também que a taxa de desaparecidos é 62% do que o do país, sendo 56,5 pessoas desaparecidas para um grupo de cada 100 mil habitantes. Os dados são referentes ao ano de 2016.


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Segundo o levantamento feito, em 2012 a taxa de suicídios era de 5,5 para cada 100 mil habitantes do Estado. Até 2015, houve uma drástica redução nestes números, sendo que a taxa chegou a 3,3 para cada 100 mil habitantes, em 2015. Porém, em 2016 os suicídios voltaram a subir para 4,4 para cada 100 mil habitantes. No Brasil, de 2014 a 2016 houve redução e passou de 4,0 para 3,6 para cada 100 mil habitantes.
 
Considerado como tabu em quase todos os meios, o debate sobre o assunto ganha status de urgência, tornando-se caso de saúde pública no país, de acordo com o psiquiatra Lawrence Oliveira de Assis. Neste cenário, o avanço da depressão, os mitos relacionados à saúde mental e a negligência do Poder Público com o setor, são apontados por ele, como fatores determinantes para o acréscimo nas estatísticas.
 
“Nossa cultura, de modo geral, rechaça o suicido, que é visto como pecado por praticamente todas as religiões. Então ninguém quer falar sobre isso, o que dificulta muito a conscientização e detecção. Antes pensavam que falar sobre o tema faria com que as pessoas se matassem. Mas se não falarmos, não vamos dar oportunidade para as pessoas se abrirem. Isso tem de ser debatido e falado constantemente. Antes era visto como pecado, por isso não tocavam no assunto, a igreja condenava. Precisamos dar oportunidade de quem sofre isso se abrir, buscar conforto e ajuda”, diz o médico.
 
Lawrence explica ainda que este medo é comum e defende uma abordagem clara, na qual o possível suicida seja questionado se já pensou em se matar, se já fez planos para tirar a própria vida e se já chegou a tentar algo contra si alguma vez.
 
Na opinião da psicóloga e suicidologista Karen Scavacini embora sejam necessários alguns cuidados para a abordagem do assunto, como a forma de se noticiar, a ausência de julgamentos e a sensibilidade com as vítimas, a temática deve ser traga às discussões. “Podemos fazer com um suicídio o que foi feito com a Aids e com o câncer há 20 anos. Ninguém falava sobre isso antes. Hoje as pessoas sabem como se prevenir, o que fazer. Então a prevenção do suicídio deve seguir por este caminho.”
 
Para cada suicídio cometido no mudo, de cinco a dez pessoas tem suas vidas impactadas diretamente pelo ato. Os sobreviventes, como são chamados familiares, amigos e profissionais envolvidos com os casos, sofrem um luto classificado como mais intenso e longo do que o observado em outras formas de morte. Sob a sombra do luto, eles se equilibram entre a tristeza e a reconstrução, tentando transformar a dor em saudade e minimizar os danos da perda.
 
Ajuda
 
Voluntária no Centro de Valorização da Vida (CVV) de Cuiabá, Isaura Titon, lembra que o serviço está disponível todos os dias, 24 horas, e encoraja sua busca por qualquer um precise ser ouvido. Ela ressalta o aumento de casos envolvendo jovens e adolescente, e também alerta para que os mais próximos estejam atentos. “É preciso discutir esse tema cada vez mais. O suicídio já éconsiderado um problema de saúde pública, e no CVV temos um lema, de que se uma vida for salva, todo o trabalho já valeu a pena", explica.
 
Ela conta que a ajuda também se estende aos sobreviventes e familiares, uma vez que, para cada morte, há pelo menos seis pessoas enlutadas. Para isso, os grupos se reúnem semanalmente na Rua Comandante Costa, nº 296, no bairro Centro Sul. O atendimento por telefone é realizado pelo número 188 (Cuiabá e Várzea Grande) e (65) 3321-4111 (interior de Mato Grosso). Todos os atendentes são voluntários que atuam em diversas áreas, mas que têm em comum a vontade de ajudar e ouvir.
 
Desaparecidos
 
Os dados levantados pelo Caderno de Indicadores apontam também que o número de desaparecidos em Mato Grosso é maior que a média nacional. Em 2016, foram 56,5 registros para cada 100 mil habitantes, enquanto que no Brasil a taxa foi de 34,8 para o mesmo montante de pessoas.
 
Em 2015, a taxa era de 39,9 para cada 100 mil habitantes, o que representa um aumento de 41% no ano seguinte. Os números foram retirados do anuário brasileiro de segurança pública, de 2016.
 
Caderno de Indicadores
 
O Caderno é resultado de uma das linhas de trabalho da Coordenadoria de Métodos Estatísticos, de Pesquisa e de Indicadores (CEI), unidade vinculada à Secretaria Adjunta de Informações Socioeconômicas, Geográficas e de Indicadores da Seplan.
 
“O conjunto de indicadores do documento foi trabalhado de forma que pudesse mostrar a realidade do Estado, sendo que em alguns casos eles tiveram como parâmetros de comparação números de outros estados e do Brasil, possibilitando o conhecimento sobre a situação de Mato Grosso em relação à média nacional e perante outras unidades da Federação”, explica o Superintendente de Estatística, Indicadores e Gestão da Informação da Seplan, Paulo Cezar de Souza.
 
A publicação utiliza como fontes oficiais dados disponibilizados pelos Ministérios da Saúde e da Educação (MEC), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), entre outros órgãos e entidades.

(Colaborou André Garcia Santana)
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