O governador Pedro Taques (PSDB), candidato a reeleição, teve 20 minutos para expor seu plano de Governo em sabatina realizada pela
TV Centro América, na manhã desta quarta-feira (12). O tempo, no entanto, foi usado majoritariamente para a defesa da gestão e do próprio tucano, que enfrenta acusações de envolvimento nos escândalos de corrupção praticados no Executivo nos últimos três anos e meio. A alegação de que não tem responsabilidade sobre o que aconteceu foi repetida ao longo de toda a entrevista.
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“Eu tenho vários defeitos e algumas qualidades. Dentre as minhas qualidades, eu não tenho o poder de adivinhar o que a pessoa faz. Você tem amigos, tem familiares que muitas vezes podem estar envolvidos em algum ato e o senhor não é responsável por isso. O que nos diferencia é que nós tomamos as providencias devidas. Eu não cometi nada de ilícito”, asseverou Pedro Taques.
O governador reforçou, durante a sabatina, sua tese de que o “diferencial” de seu Governo foi justamente o combate a corrupção, embora reconheça que nem mesmo sua administração passou ilesa dos escândalos.
Questionado se houve arrependimento ou frustração de sua parte por ter escolhido pessoas corruptas para comandar Secretarias importantes, como a de Educação, cujo ex-titular confessou ter desviado mais de R$ 50 milhões em obras de reformas de escolas públicas, Taques declarou, novamente, que não se sente responsável.
“Existe corrupção em todos os lugares. Nós não passamos a mão na cabeça de quem quer que seja. Eu tenho 70 mil colaboradores, são pessoas sérias, decentes, pessoas que trabalham muito pelo Estado. Eu não posso ser responsável se uma pessoa comete um ato ilícito. Aliás, eles estão sendo processados e nós temos que dar a elas o direito da defesa e do amplo contraditório, sem que possamos pré-julgar”.
Desvios na Seduc
Nos últimos dias, o jornal
Folha de S. Paulo revelou que o ministro Marco Aurélio, do STF, homologou os acordos de colaboração premiada do empresário Alan Malouf e do ex-secretário de Educação Permínio Pinto, ambos envolvidos no esquema de fraude em contratos da Seduc para beneficiar empreiteiras em troca de propina para quitar dívidas da campanha eleitoral de 2014.
Tanto Malouf quanto Permínio Pinto afirmam em suas delações que Pedro Taques tinha total conhecimento do esquema. O ex-secretário de Educação teria, ainda, entregue mensagens de WhatsApp aos investigadores, em que o governador aparece pedindo para que ele facilitasse licitações, com o objetivo de beneficiar os seus credores.
Conforme as declarações de Permínio, Alan Malouf e o ex-chefe da Casa Civil e primo do governador, Paulo Taques, seriam responsáveis para que juntos com os demais secretários "encontrassem uma forma de captar recursos para quitar dívidas de campanha deixadas para trás". O governador nega todas as acusações.
Palanque de Mauro Mendes
A presença do MDB no palanque de seu adversário, Mauro Mendes (DEM), também ganhou destaque na voz de Pedro Taques. Mesmo repreendido pela jornalista Luzimar Collares, que mediou a entrevista, para que se atentasse a falar de seu Governo, o tucano não hesitou.
“Eu não quero estar com Carlos Bezerra – que está com Mauro Mendes -, eu não quero estar com Silval Barbosa, com Chico Daltro, com Júlio Campos, que estão com Mauro Mendes. Delação é o instrumento mais importante que tem na democracia para combater organizações criminosas. Agora, nós precisamos dar a oportunidade para que o cidadão faça a sua defesa. Mas eu não quero estar com Carlos Bezerra, eu não dividi Secretarias por apoios políticos, eu quero estar com o cidadão”.
