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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

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Contrariando liderança

Após bate-boca de Mendes, governo divulga relatório que mostra dois homicídios de indígenas em MT

Foto: Rogério Florentino/Olhar Direto

Após bate-boca de Mendes, governo divulga relatório que mostra dois homicídios de indígenas em MT
Após o bate-boca protagonizado pelo governador Mauro Mendes (DEM), com uma das principais lideranças indígenas do Brasil, que representava a Articulação de Povos Indígenas o Brasil (Apib) durante um debate paralelo à Cúpula do Clima da ONU, em Nova York, na terça-feira (24), o Governo do Estado divulgou dados do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) que revelam que Mato Grosso teve dois homicídios de indígenas no ano passado.


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O chefe do Executivo mato-grossense discordou de dados apresentados por Sonia Guajajara sobre queimadas em reservas e assassinatos de índios em Mato Grosso. Ela afirmou que, no total, foram 25 homicídios.
 
Porém, os dados divulgados pelo governo mostram que o campeão em homicídios contra indígenas no ano passado foi o estado de Roraima (62), seguido de Mato Grosso do Sul (38), Paraná (8), Ceará (7) e Amazonas (6). Mato Grosso aparece com dois assassinatos na lista.
 
O primeiro deles aconteceu em janeiro do ano passado, quando Daniel Kabixana saiu da aldeia em sua motocicleta, com R$ 4 mil para ser depositado em uma agência bancária, na cidade de Confresa. Os acusados afirmaram à polícia que ficaram observando a vítima em um bar e, ao perceber que ele estava com muito dinheiro, seguiram-no e cometeram o crime.
 
O segundo assassinato foi cometido contra uma criança, do povo Suyá, em Querência. Ela foi espancada com um socador de pilão. Apesar de socorrida por uma enfermeira que trabalha no polo Wawi, ela não resistiu. O suspeito, à época, não foi identificado.

O relatório ainda mostra um homicídio culposo. Neste caso, a moto de Carolino Tseretowa a foi atingida por uma pá carregadeira que presta serviços para a prefeitura de Santo Antônio do Leste. Ele morreu no local.

Por fim, também é revelado um caso de lesão corporal dolosa, ocorrida em Alta Floresta. Na ocasião, a criança foi agredida pelo pai e ficou gravemente ferida. Ela foi internada em Rondonópolis.
 
O documento foi elaborado com base em dados da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), secretarias estaduais de saúde, dentre outros órgãos oficiais.
 
Este relatório, segundo o governo, desmente a versão dada pela representante da Articulação de Povos Indígenas do Brasil (Apib), Sônia Guajajara, filiada ao Psol, em fala realizada na Semana do Clima, nos Estados Unidos da América (EUA).
 
De acordo com ela, Mato Grosso seria o quarto estado com o maior número de assassinatos contra indígenas, com 25 homicídios no ano passado.  A informação foi contestada pelo governador Mauro Mendes durante o evento, que questionou a representante em razão da inverdade dos dados apresentados por ela.
 
“Você não vive em Mato Grosso. Eu vivo! Vocês estão falando de Mato Grosso sem viver e sem estar em Mato Grosso”, disse o governador.
 
No vídeo, ao lado de Mauro Mendes, está o secretário-chefe da Casa Civil, Mauro Carvalho, que também discorda de Guajajara e se dirige a um segundo indígena, que participava da conversa e num dado momento da discussão diz que 60% das áreas indígenas em Mato Grosso foram atingidas por queimadas.
 
Mauro Mendes, mais uma vez, chama os dois de mentirosos e diz que as queimadas nas reservas indígenas foram autorizadas pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). “Se você olhar o decreto do Bolsonaro ele proibiu todas as queimadas, menos nas terras indígenas”, argumenta o governador.
 
Guajajara encerra a discussão afirmando que o Governo brasileiro não está interessado em proteger o Meio Ambiente, mas sim em legalizar as práticas que já vem ocorrendo. Os números apresentados por ela nesta terça-feira e que desagradaram Mauro Mendes são do Inpe, que mostraram que o Brasil registrou, entre janeiro e o início de agosto, um aumento de 83% das queimadas em relação ao mesmo período de 2018, com mais de 72 mil focos de incêndios. Mato Grosso lidera o ranking de queimadas na região da Amazônia.
 
Vale lembrar que a divulgação dos dados do Inpe sobre os alertas de desmatamento - que revelaram, ainda, um aumento no desmate de 88% em junho e 212% em julho – foi o que deu início à crise ambiental no Brasil, que acabou internacionalizada. Bolsonaro, na época, afirmou que os números haviam sido manipulados e demitiu o diretor do Instituto, Ricardo Galvão.
 
“Agora ele legalizou as queimadas. Agora. E isso é outra historia. Ele não está preocupado com o meio ambiente. Uma coisa é você combater desmate ilegal, outra coisa é legalizar o que já tá [inaudível]. Eu não preciso estar lá para conhecer e falar por eles. Eu faço debate com a verdade e com números. Legalizar genocídio e legalizar desmatamento é fácil para vocês”, pontuou Guajajara durante a discussão com Mendes. O vídeo se encerra com o governador sendo retirado do local por um de seus seguranças.

Assista ao vídeo:

 
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