"Surpresa" foi a palavra usada pelo secretário de Saúde de Cuiabá, Luiz Soares, em coletiva à imprensa, para descrever o sentimento da secretária, em relação à ausência de médicos cirurgiões no plantão do Hospital e Pronto Socorro de Cuiabá (HSPMC) desta quarta-feira (02). Segundo ele, era de se esperar que o Sindicato dos Médicos de Mato Grosso se preocupasse com a população. Para suprir uma possível falta de médicos, ele solicitou à Secretaria de Estado da Saúde a concessão de cirurgiões para o atendimento no HSPMC.

O fato é apenas mais uma página do conflito travado entre os médicos e a gestão da Saúde municipal, que culminou no pedido de demissão de 22 cirurgiões lotados no HSPMC. Os motivos para o desligamento variam entre a falta de condições do exercício pleno da medicina, difícil relacionamento com Luiz Soares e reivindicações salariais.

Ainda esperançoso, Soares espera que os médicos retornem aos devidos postos nesta quinta-feira (03). De acordo com o secretário, o presidente do Conselho Regional de Medicina, Arlan Ferreira de Azevedo, entrará em contato com os médicos para solicitar o atendimento à população.

“Esperamos que a atual gestão do sindicato tenha a mesma preocupação com a população que a secretaria, pois o diálogo tem data para começar, mas não para terminar. Queremos acreditar que eles voltarão a trabalha em regime normal”, disse o secretário. Ele também lembrou que há uma reunião marcada para esta quinta-feira, em uma comissão paritária, para discutir as reivindicações dos médicos.

Para Soares, a tomada de decisão pela paralisarão foi repentina, visto que a Prefeitura desconhecia as exigências dos cirurgiões, tendo se reunido, até então, somente com os médicos do PSF (Programa de Saúde Familiar).

Plantão assegurado

A equipe médica escalada para prestar plantão quinta-feira é a única que não aderiu ao movimento demissionário. Os médicos, liderados pelo doutor Jorge Caramuru, devem normalizar os atendimentos cirúrgicos do HPSMC.

Sem carapuça

Questionado sobre as acusações dos médicos de coação, assédio moral e incompetência administrativa, Luiz Soares disse que “não recebe carapuça de homem que não quer o diabo”. O secretário ainda lembrou o fato das denúncias ainda não terem sido formalizadas.

Diálogo aberto

O secretário Luiz Soares frisou por diversas vezes que ele e toda direção da Saúde em Cuiabá, sempre estiveram abertos ao diálogo. Um dos argumentos para provar isto foi um documento encaminhado à prefeitura, no dia 25 de agosto, pelos médicos do PSF, onde os servidores da Saúde diziam ter se reunido por várias vezes com o secretário.

Em outras ocasiões, estes mesmo médicos confirmaram estas reuniões, contudo, eles as classificaram como “improdutivas”.

O diretor do HPSMC, Huark Correa, sugeriu que as reuniões podem ter sido consideradas infrutíferas devido às solicitações. “Se eles pediram revisão nos salários realmente não obtiveram resultados. O PCCS (Plano de Carreira, Cargos e Salários) é votado e aprovado pela Câmara, não pela secretaria”, declarou.

Problemas existem

A falta de leitos de retaguarda, devido à ‘antiguidade’ das instalações, é o principal problema enfrentado pelo HSPMC de acordo com Huark Correa. Este problema acaba sendo sentido com maior intensidade quando ocorre algum acidente de grande porte, como o de terça-feira (01), quando um microônibus tombou.

Outro ‘problema’ é que o HSPMC recebe pacientes não só da capital, mas também do interior do estado. “O Pronto Socorro de Cuiabá é o único hospital municipal que serve de referência estadual e, além disso, está de portas abertas para pacientes de qualquer outro hospital da capital e do interior do estado”, pontuou Huark.

Contudo, a reforma do hospital, prevista para começar no dia 15 de outubro, que além de atender a estrutura física do HSPMC, vai investir mais de R$ 2 milhões em equipamentos.