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Segunda-feira, 29 de abril de 2024

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91 hectares de manejo

Programa de MT incentiva renda e protagonismo indígena na cadeia produtiva do babaçu

Foto: Reprodução

Programa de MT incentiva renda e protagonismo indígena na cadeia produtiva do babaçu
Com 91 hectares de manejo, o povo indígena Paiter Surí, que vive na Terra 7 de Setembro, em Cacoal (RO), conquista autonomia financeira, aliada com os saberes tradicionais, por meio da colheita do babaçu. O fruto rende para os indígenas a extração do óleo e da farinha, além de ser usado em seus artesanatos e na construção de malocas (casas). Toda a cadeia de produção envolve a participação da etnia.


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Antes de ser contemplada pelo edital do Subprograma de Agricultura Familiar e de Povos e Comunidades Tradicionais (AFPCTs), do Programa REM MT, os indígenas faziam a extração do óleo e farinha de babaçu de forma artesanal. Porém, a vigilância sanitária barrou a continuidade da produção, conta Izanoel Irpererró Suruí.

“A gente estava fazendo artesanalmente, estávamos vendendo a farinha e o óleo, e vendia para a comunidade próxima. Só que a vigilância viu a forma como estávamos trabalhando, e aquilo é alimentício, temos que ter uma higiene e cuidado. Então, a gente pensou em construir a agroindústria”, conta Izanoel.

Impedidos de comercializar o produto, eles idealizaram o projeto "Babaçu Toroya". Por estar em um território indígena, Izanoel, tesoureiro e beneficiário do programa, explica que foi preciso criar uma associação, para depois constituir a agroindústria.

“A gente projetou uma agroindústria, pensando em criar geração de renda. Aquilo também trouxe pra gente como fazer uma agroindústria dentro de uma reserva indígena? Vai ter muitas críticas’”, revela.

Apoio

Com incentivo do Programa REM MT, os indígenas da Terra 7 de Setembro tiveram treinamento e capacitação, assim como apoio no marketing e na venda dos produtos. Foram investidos R$ 1.349.5600,00.

Agora, eles estão finalizando a construção de um barracão e indústria, que logo entrará em operação. O barracão foi construído em uma área afastada da comunidade, próximo do babaçual, em contato direto com a Amazônia.

Por ora, a indústria está impossibilitada de funcionar pela falta de acesso a energia trifásica. Os indígenas buscaram políticos e até mesmo parceiros para tentar trazer a rede de energia na aldeia, mas ainda não tiveram sucesso. 

“O desafio nos trouxe conhecimento”, disse o coordenador do projeto Isaque Mopilo’ava Suruí. As noções de venda e marketing dos produtos originados do babaçu eram desconhecidas pela comunidade. Mas eles já finalizaram os planejamentos de negócio e marketing. 

“A estratégia que iniciamos dentro do processo foi de georreferenciamento, que é o trabalho no campo, e também a unidade onde que vai ficar a agroindústria, com licenciamento prévio, instalação operacional e também o plano de negócios, o plano de gestão e o marketing”, concluiu Isaque.

Protagonismo indígena

Paiter significa “gente de verdade, nós mesmos”. Portanto, sonham juntos em conquistar o protagonismo indígena na cadeia produtiva do babaçu, pois desde a gestão até a colheita da amêndoa do babaçu, todos os envolvidos no projeto são da etnia Paiter Suruí.

“Aqui já temos uma pessoa formada em Direito e Administração, técnico em Enfermagem, e minha irmã fazendo Contabilidade. Então, qual o nosso objetivo? Trazer esse profissional, fazer do seu território também a agroindústria. E dentro desse projeto de agroindústria, tem plano de gestão, de marketing, então a gente tem que entender tudo. Imagina agregar esse pessoal, que vai fazer a gestão da agroindústria do seu território e fazer o protagonismo Paiter. Isso é o nosso sonho, esse é o nosso objetivo”, conta Isaque Mopilo’ava.

Por almejar protagonismo total, eles acabaram emperrando em alguns pontos do projeto, especialmente nos processos burocráticos. Apesar das dificuldades, o engenheiro agrônomo e coordenador das AFPCTs, Marcos Balbino, visualiza que a associação tem muita vontade própria de fazer acontecer a agroindústria.

A falta de uma rede de energia capaz de rodar a agroindústria também dificultou a inauguração. A aldeia precisa de força política para dar continuidade no projeto. 

"A agroindústria é o ponto chave do projeto deles e já está levantada. Está faltando algumas coisas de acabamento, mas os equipamentos já estão comprados, estão no fornecedor para não danificar, enquanto terminam a agroindústria. Eles têm um problema com a energia elétrica, que é um problema que depende da ação pública local, prefeitura e parceiros", pontua Marcos.

O coordenador reforça, porém, que o plano de negócios dos Paiter Suruí já está construído. "Eles querem ter já noção do mercado onde eles vão vender cada tipo de produto. Pelo o que a gente conversou, eles pretendem atender tanto o varejo, quanto atacado. Então, todos esses produtos vão carregar a marca do povo Suruí". 

Manter a floresta em pé

A convivência dos Paiter Suruí com a natureza é tão harmônica, que araras e papagaios sentem-se à vontade em voar entre eles. Cuidar do manejo do babaçual com o bioma da Amazônia não só diz respeito em manter a floresta em pé, mas também em respeitar a sua cultura.

“Essa agroindústria foi a forma do nosso entendimento do cuidado com a floresta, não pensando em desmatar, mas para o bem da comunidade, em como criar uma geração de renda para o bem da floresta”, comenta Izanoel.

Benefícios do óleo de babaçu

Principal fonte de renda dos Paiter Suruí, o babaçu também garante a segurança alimentar dos indígenas. O óleo tem inúmeros benefícios, atuando na hidratação da pele e cabelo, como também tem ação anti-inflamatória e cicatrizante. Pode ser usado em hospitais e escolas.

Com a farinha, é feito o tradicional beiju, bolacha e mingau. E não só o fruto serve para os indígenas, pois eles também utilizam da folha do babaçu para trançar cestos e cobrir malocas. 

Programa REDD Early Movers - REM

Em 2012, o governo alemão através do Ministério Federal da Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ) estabeleceu o Programa Global REDD Early Movers (REM) - Pioneiros em Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD), em português. Este programa prevê o apoio a países e estados que implementaram iniciativas pioneiras em conservação de florestas e redução das emissões por desmatamento e degradação.  

Lançado na Conferência Rio+20 em junho de 2012, o Programa REDD Early Movers (REM) é uma iniciativa inovadora que recompensa os pioneiros na conservação florestal e na mitigação das mudanças climáticas. 

Programa fornece pagamentos baseados em resultados para redução de emissões por desmatamento verificadas, tornando-se assim uma iniciativa de REDD, de acordo com as decisões assumidas na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC).

(Com informações da assessoria)
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