A primeira reunião da bancada federal de Mato Grosso, em Brasília, foi marcada por sucessivas intervenções do veterano Jayme Campos (UNIÃO), que acabou se indispondo com alguns dos novatos que tentaram, conforme relato de deputados e assessores presentes, utilizar o espaço como palanque eleitoral. Ao
Olhar Direto, o coordenador da bancada, deputado Juarez Costa (MDB), amenizou a temperatura do encontro e pontuou que a posição de cada um é de responsabilidade de cada parlamentar.
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Segundo Juarez, a reunião foi convocada para encaminhar as demandas prioritárias do Estado ao Governo Federal. O principal tema, conforme o deputado, é o investimento em infraestrutura – em especial a recuperação das BRs 242 e 158 e a retomada do projeto da Ferrogrão.
Questionado sobre o clima da reunião, diante das discussões relatadas por fontes que participaram do encontro, Juarez frisou que a posição ideológica de cada parlamentar está “muito bem definida” e seu trabalho na coordenação da bancada será para garantir que a postura dos colegas não interfira na relação do Governo Federal com o Estado.
“Os deputados têm liberdade, mas têm consciência do seu papel. A posição de cada um deles de ser oposição ou não ao Governo está muito bem definida e é uma decisão pessoal. Nosso trabalho é para garantir que os investimentos para Mato Grosso não sejam prejudicados e tenho muita tranquilidade que isso será respeitado”, disse o deputado.
Único governista declarado da bancada de Mato Grosso, o deputado federal Emanuelzinho (MDB) não participou da reunião. À reportagem, ele justificou que estava em uma agenda externa. O senador Wellington Fagundes (PL) também não foi ao encontro porque estaria em consulta médica.
O novato Abílio Brunini (PL) deixou a reunião antes de acabar. Foi o próprio parlamentar quem confirmou a jornalistas que aguardavam do lado de fora o primeiro embate, protagonizado por ele e Jayme Campos.
Abílio teria provocado os colegas para que a bancada interfira na discussão sobre a saúde pública de Cuiabá. O deputado novato teria sugerido que um projeto de lei fosse apresentado para que a gestão saísse novamente das mãos do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB). O caso atualmente está nas mãos do Judiciário de Mato Grosso.
Jayme, então, repreendeu o deputado e disse a ele que a bancada federal não pode ser utilizada com esse objetivo. Abílio se irritou e deixou a reunião.
Num segundo momento, enquanto debatiam uma possível lista de indicados para cargos do Governo Federal em Mato Grosso, Jayme voltou a alertar os novatos que isso poderia implicar no comprometimento junto ao governo de Lula (PT), o que incluiria ter de eventualmente votar em projetos de interesse dos petistas.
As também novatas Amália Barros e Coronel Fernanda, ambas do PL, se indignaram com a advertência de Jayme.
“Ele [Jayme] disse ‘bom, estou tentando explicar para vocês como as coisas funcionam. Não é no grito, muito menos querendo fazer politica goela abaixo. Se quiserem ficar com raiva, é com vocês’”, relatou uma fonte que presenciou a discussão.
Pouco antes da reunião acabar, quem também foi interpelado por Jayme foi o já experiente José Medeiros (PL). O deputado quis aproveitar o encontro para reviver a crise na sua relação com o governador Mauro Mendes (UNIÃO), o que acabou tirando a paciência do senador veterano. A reunião foi encerrada sem grandes definições.
Em nota, após a divulgação da reportagem, Jayme descartou qualquer atrito com os colegas e disse que o objetivo de suas ponderações foi reforçar a necessidade de a bancada estar "unida e coesa". “Todos compreenderam a importância da bancada coesa e concordaram que os temas levantados estão muito acima dos interesses político-partidários ou ideológicos”, assinalou.
Com relação ao requerimento de Abílio, que teria apresentado proposta para que a bancada atue sobre a saúde pública de Cuiabá, Jayme pontuou que "essa é uma responsabilidade da Câmara de Vereadores do Municipio".
Atualizada às 16h34
