Logo após aprovarem em regime de urgência especial o pedido de autorização do governo estadual para contrair um empréstimo de R$ 1,5 bilhão que, segundo a proposta, será destinado a investimentos na pavimentação de rodovias e obras tocadas pela Secretaria Estadual de Infraestrutura e Logística (Sinfra), alguns deputados estaduais manifestaram insatisfação com a gestão do secretário da pasta, Marcelo Padeiro.

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As críticas partiram do presidente da Casa, o deputado estadual Eduardo Botelho (UNIÃO), e dos deputados Júlio Campos (UNIÃO) e Valdir Barranco (PT). Eles foram unânimes em suas falas: afirmam que o secretário não tem dialogado com os parlamentares e os tem tratado com indiferença, desdém e sequer aceitado sugestões de indicações que os parlamentares têm feito em obras que a pasta executa pelo Estado. 

No plenário, o deputado Júlio Campos disse que o comandante da Sinfra deve ser mais educado com as reivindicações dos deputados. Segundo ele, os políticos que vão à Sinfra, de deputados, passando por prefeitos e vereadores, são todos “maltratados e até judiados”.

“Queremos sugerir ao governador que os deputados possam indicar as estradas que devem ser pavimentadas e as pontes que devem ser construídas. Não pode ficar a bel prazer do secretário e sua equipe de assessoria de infraestrutura. Esperamos receber do senhor [governador Mauro Mendes] e da sua equipe, e principalmente da secretaria de Infraestrutura, do secretário Marcelo Padeiro, o mínimo de respeito, agradecimento e cordialidade no relacionamento com esta Casa”. 

O projeto de empréstimo de R$ 1,5 bilhão junto ao Banco do Brasil foi aprovado pela Assembleia na noite desta quinta-feira, em regime de urgência. A proposta do governo chegou à Casa pela manhã e não teve alterações ou cláusulas incluídas, como observou o deputado Júlio Campos. 

O presidente da Assembleia, Eduardo Botelho, disse em entrevista coletiva logo após a sessão que o secretário Marcelo Padeiro já está convocado a comparecer à Casa de Leis para explicar e discutir os termos do empréstimo bilionário. 

Botelho apontou que a relação entre a Assembleia e a Sinfra tem se dado numa via de mão única. Ele disse que a Casa tem atendido às demandas da secretaria, como a autorização do empréstimo, mas tem tido portas fechadas quando propõe, por exemplo, a destinação e indicação de obras. 

“Na hora que chega com o empréstimo aqui, na hora de aprovar a Fethab, é os deputados que enfrentam as negociações e todos os desgastes. Quando o deputado vai propor uma obra, ela é ignorada, nem é analisada. O secretário costuma dizer: ‘é planejamento nosso’. Ele tem essa visão que ele faz o planejamento independente do deputado. Nós temos que começar a colocar o valor desta Casa”, disse. 

“Não vir aqui, não discutir, não ouvir o deputado, não ouvir o que o deputado está indicando e o que eles querem para cada região, é uma falta total de respeito para com o parlamento. Quem propõe política pública é quem tem mandato. Isso tem que prevalecer”, finalizou. 

De acordo com Botelho, o secretário Padeiro é um dos beneficiados pelo trabalho e pelo enfrentamento que os parlamentares têm feito na rua. “E quando chega na hora [de opinar], o deputado não pode nem falar. Quando o deputado vai lá [no gabinete], o secretário só falta bater no deputado. Esculhamba e maltrata assessor na frente do deputado”.

Por último, o presidente da AL ainda chamou atenção do deputado Valmir Moretto (Republicanos), presidente da Comissão de Infraestrutura Urbana e de Transporte da Assembleia. 

“O senhor está sendo omisso. Desculpe eu falar. O senhor tem que trazer o secretário aqui. Isso aqui era para o senhor saber de tudo o que se trata”. 

O deputado Valdir Barranco também foi outro parlamentar a reclamar do secretário Padeiro e pediu a sua convocação. De oposição ao governo Mendes, Barranco afirmou que os próprios deputados da base têm reclamado do modo como são tratados pelo presidente da pasta. Ele também foi favorável à convocação de padeiro.

“O que eu já vi de deputados da base dizer que ele trata os deputados abaixo de cachorro, isso não pode ser admitido por essa Casa. Nenhum secretário é maior do que o deputado que disputou eleição, que fez campanha, deu suor e gastou sola do sapato para conseguir votos para ocupar uma das 24 cadeiras”, disse 

“Secretário, se quiser ser maior do que nós, que vá disputar as eleições. O presidente deixou claro: nós temos que chamar esse cidadão e trazê-lo aqui para dizer na cara dele: você tem que respeitar os deputados e as demandas dos deputados. Temos que chamá-lo e colocá-lo no seu devido lugar. Está mais do que na hora de chamar esse cidadão para [que ele tenha] responsabilidade e respeito com a Assembleia Legislativa”.