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Domingo, 19 de maio de 2024

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treinamento dos bombeiros

'Quantos outros vão morrer para alguém fazer leis mais severas?', questiona mãe de Rodrigo Claro

Foto: Reprodução

Rodrigo Claro (esquerda) e Lucas Veloso Perez

Rodrigo Claro (esquerda) e Lucas Veloso Perez

Jane Claro, mãe do jovem Rodrigo Claro, que morreu em 2016, durante um treinamento aquático do Corpo de Bombeiros, questionou as autoridades sobre a morte de mais um aluno soldado da corporação. Na terça-feira, Lucas Veloso Perez, 27, morreu após supostamente passar mal na Lagoa Trevisan, em Cuiabá.


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Para Jane, é preciso mudar as formas de treinamentos às quais os alunos que sonham em ser bombeiros se submetem. Ela também reforça que os instrutores que obrigam os soldados a tais situações precisam ser severamente punidos.

“Quantos outros vão morrer para que alguém tenha a capacidade, a coragem, a hombridade de sentar diante de uma cadeira e fazer leis severas para punir esses instrutores?”, disparou a mulher, durante entrevista ao Programa Tribuna, da rádio Vila Real.

“Eu estou acompanhando toda a situação com o coração muito dolorido, porque tudo volta ao que eu vivi há sete anos. Porque lá atrás eu lembro das pessoas falarem que não ia dar em nada. Mas eu não quis acreditar. Diante de tantas testemunhas, diante de tantas pessoas, eu não quis acreditar que isso fosse possível. Mas, infelizmente, dentro do Corpo de Bombeiros tinha um corporativismo muito grande", acrescentou.

De acordo com informações da Polícia Civil, Lucas, que era natural de Goiás e passou no concurso público da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) em 2022, reclamou que estava passando mal durante o treinamento e afundou repentinamente. Ele foi socorrido por um capitão da corporação e levado a um barco de apoio, onde foram iniciadas as primeiras manobras de reanimação.

Em seguida, o rapaz foi encaminhado para o Hospital H- Bento, no bairro Dom Aquino, na capital. Na unidade de saúde, os médicos tentaram reanimá-lo por mais de 20 minutos, mas sem sucesso.

Após o caso vir à tona, os alunos do curso de formação de soldados do Corpo de Bombeiros discutiram a morte de Lucas em um grupo no WhatsApp. Em uma das mensagens, um dos integrantes sugeriu que a vítima, na verdade, levou um "caldo", quando a cabeça é afundada na água para testar resistência. Outros alunos chegaram a afirmar que viram parte da ação, mas só irão falar sobre o caso na Justiça.

Na conversa, os envolvidos também esperam que os responsáveis “paguem” pelo ocorrido e lamentam pela morte do jovem. Falam também sobre a questão do esforço físico, que não seria a causa da morte. “Esforço físico meu pa*, foi caldo. Eu tava com ele (sic)”, diz uma das mensagens.

Na entrevista, Jane comentou sobre a suposta denúncia. Para ela, os alunos não são submetidos a um treinamento, mas a uma verdadeira sessão de "barbaridade".

"Treinamento é para ensinar e não para matar. É uma irresponsabilidade do Estado. Um bandido quem está fazendo isso, matando impiedosamente. Não se tem piedade no coração quando se pega um jovem dentro da água e afunda ele, fazendo de conta que está tendo um treinamento. Chega de tanta barbaridade", contou.

"O próximo curso, qual que vai ser o próximo jovem que vai perder a vida? Qual vai ser a próxima família que vai ter que enterrar um filho lutando por um sonho? Eu hoje imagino como que tá a mãe de Lucas. Ela está sepultando o filho dela que veio para Mato Grosso. Ela entregou o filho dela aos cuidados do estado de Mato Grosso para realizar um sonho dentro de uma instituição irresponsável. E o estado irresponsável tanto quanto devolve o filho dessa mãe dentro de um caixão porque não teve capacidade de cuidar desse jovem. Colocou na mão de pessoas desqualificadas. Porque não tem qualificação. Não adianta falar que tem qualificação. Se tivesse, não teria matado", finalizou.

Caso Rodrigo Claro

Há pouco mais de 7 anos, um aluno do Corpo de Bombeiros morreu também durante treinamento da corporação na mesma Lagoa Trevisan. Rodrigo Patrício Lima Claro, de 21 anos, faleceu no dia 21 de novembro de 2016.

À época, ele teria sido dispensado no final do treinamento do curso dos bombeiros, após reclamar de dores na cabeça e exaustão.

O Corpo de Bombeiros informou que já no Batalhão ele teria se queixado das dores e foi levado para a policlínica em frente à instituição. Ali, o rapaz teve duas convulsões e foi encaminhado em estado crítico ao Jardim Cuiabá, onde permaneceu internado em coma, mas acabou falecendo.

A morte chegou a gerar processo na Justiça Militar em face da tenente Izadora Ledur. A militar chegou a ser condenada por maus-tratos contra Rodrigo Claro, mas teve a punibilidade da condenação extinta.
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