Em depoimento à polícia, Lucas Ferreira da Silva, de 20 anos, revelou que após matar motoristas de aplicativo, ele e seus comparsas de 15 e 17 anos, se deslocaram para uma boate na região do Zero KM, em Várzea Grande, para comemorarem a "empreitada criminosa". No local, eles usaram cocaína e contrataram garotas de programa para praticarem sexo.

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No documento, Lucas contou que na noite de sábado (13), na companhia dos dois suspeitos, pediu um carro por aplicativo no bairro Manga, em Várzea Grande, e apareceu Nilson Nogueira, de 42 anos, em seu veículo modelo Onix.

Após entrarem no carro, eles foram para uma rua escura, momento em que um dos adolescentes anunciou o assalto e exigiu que Nilson sentasse no banco traseiro. Os suspeitos ainda pediram o cartão de crédito da vítima e ordenaram que ela passasse a senha.

O menor de 17 anos então tomou o controle da direção e dirigiu até uma distribuidora de bebidas, onde comprou algumas cervejas utilizando o cartão do motorista.

Eles ainda subtraíram o celular de Nilson, mas por se tratar de um aparelho da marca Iphone, resolveram dispensar, com medo de serem rastreados.

No depoimento, Lucas ainda revelou que a vítima implorava pela vida.

Na sequência, eles dirigiram até um local que tinha bastante mato, determinaram que Nilson saísse do veículo e caminhasse em direção a área. Foi neste momento que o menor de 15 anos o matou com inúmeros golpes de facadas e canivete, diz o documento.

“Que afirma ter dado de nove a dez facadas no pescoço da vítima; que a vítima já tinha morrido, mas o interrogado não cessou as facadas”, diz trecho da narração.

Após abandonar Nilson no local, os criminosos fugiram no veículo do motorista, até ele quebrar e ser abandonado. Lucas narra que após o fato, eles caminharam por cerca de duas horas até chegarem em uma boate no Zero KM, lugar conhecido por ser ponto de prostituição.

Na região, eles consumiram bebida alcoólica, compraram cocaína e ainda contrataram três garotas de programa. Segundo Lucas, eles foram ao local para “comemorarem que a empreitada deu certo”.

Questionado sobre como pagaram os custos das boates, o suspeito disse que o dinheiro foi proveniente da sua rescisão trabalhista. Ao todo, foram gastos R$ 2,6 mil.

"QUE afirma que gastou R$2.600,00 (dois mil e seiscentos reais), que era dinheiro de seu acerto da dispensa da empresa, em que trabalhava até duas semanas atrás; QUE da rescisão do contrato recebeu cerca de R$4.800,00 (quatro mil e oitocentos reais); QUE a parte do dinheiro gasto na boate com os menores, ficou de ser ressarcido por estes; QUE a ida à boate, no Zero, foi para comemorar por ter dado certo a empreitada criminosa", afirmou.

Relembre

Policiais da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) foram informados sobre o desaparecimento de Elizeu Rosa Coelho, de 58 anos, no dia 11 de abril.

Já no final de semana, um novo registro de desaparecimento foi  constatado. Desta vez, de dois motoristas de aplicativo, sendo Márcio Rogério Carneiro e  Nilson Nogueira, de 42 anos.

Durante o início das investigações, foi verificado que as vítimas desapareceram após aceitarem algumas corridas. 

Na noite de segunda-feira (15), o corpo de Márcio foi encontrado na região do Chapéu do Sol e de Elizeu em um lixão próximo ao bairro Capão do Pequi, ambos em Várzea Grande.

Já nesta terça-feira (16), os policiais localizaram o corpo de Nilson.

Ainda na segunda-feira, os três suspeitos, sendo dois menores de idade, foram localizados e detidos no bairro Cristo Rei. Eles confessaram ter assassinado os três motoristas e apontaram a localização dos corpos.

Para o delegado Nilson Farias, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), os menores apreendidos tinham "prazer em matar" motoristas de aplicativo.

"Como eles fizeram o primeiro caso e deu certo, eles passaram a fazer novamente utilizando o aparelho celular de uma conhecida, então eles utilizavam uma mulher pelo fato de atrair a confiança do motorista de aplicativo, porque quando ele verifica que é uma mulher que está chamando (a corrida), ele tem mais confiança", afirmou o delegado.

"Segundo foi informado, era o objetivo patrimonial, mas também o prazer na prática da violência mesmo. Se a equipe da delegacia não tivesse feito as diligências, talvez iriam fazer mais vítimas porque é um comportamento progressivo. Esses indivíduos tomaram gosto por matar motoristas de aplicativo", apontou.