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Terça-feira, 07 de maio de 2024

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terror em Paris

Cuiabana é retida pela polícia francesa por suspeita infundada de uso de passaporte falso e sofre xenofobia

Foto: Reprodução

Cuiabana é retida pela polícia francesa por suspeita infundada de uso de passaporte falso e sofre xenofobia
A cuiabana Elizabeth Campos Cardoso, 55 anos, tem vivido dias angustiantes na França, após tentar passar pela imigração no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris. Ela chegou no sábado (20), após ficar mais de um ano na Irlanda, visitando a família e auxiliando nos cuidados com um novo bebê. O plano era ficar dois dias em Paris, na casa de amigos da igreja, e embarcaria para o Brasil, em um voo da Azul, na segunda-feira (22), pela manhã. Mas tudo foi por água abaixo.


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Elizabeth está retida pela Polícia francesa. Ao passar pela imigração, os policiais informaram que seu passaporte aparecia como roubado ou furtado em Portugal, com a data de 24 de agosto de 2023, mas a cuiabana nunca esteve no país.

“Retiveram ela numa sala onde fizeram ela desligar o telefone, passando por humilhação. Ela ficou retida por nove horas, sem comunicação com a família. Aí transferiram ela para o prédio da Cruz Vermelha, mantendo-a lá até hoje”, conta a sobrinha Fernanda Cardoso, que vive em Dublin, na Irlanda.

“Durante esses dias, a gente entrou em contato com o consulado brasileiro, mas ninguém foi ver como ela estava. Fizeram uma ligação para ela, porque eu insisti muito e dei o telefone para eles ligarem, mas mesmo assim não acreditando nela. E não acreditaram que era uma coisa séria. O tratamento do Consulado também não tem sido bom, parece que eles se sentem superiores, já me chamaram de mal-educada”, complementa.

Quando foi informado que o passaporte era dado como perdido, a Polícia fez contato com o amigo de Elizabeth que mora na França, e fala a língua francesa. Ele foi quem traduziu tudo para a cuiabana, que fala apenas português. Depois dessa confusão inicial, informações divergentes são repassadas. Já foi comunicado que a Interpol estava envolvida no caso do passaporte, e depois que não.

Elizabeth passou por uma audiência em Paris, onde voltaram a falar sobre o passaporte irregular. A Polícia Federal, no Brasil, forneceu um papel oficial que não há nada de errado no documento, mas segundo a família, que tem tentado amparar a cuiabana, da melhor forma possível, porém com dificuldades, já que a Polícia francesa não tem colaborado, eles insistem que há problemas.

“A juíza disse que não pode emitir nada para ela, mas sim o consulado brasileiro de paris, para poder ir embora para o Brasil. Nesse dia eu discuti com o consulado. Quando foi quinta-feira, a polícia de Paris falou que não tem nada no passaporte dela, e o nome dela foi removido da Interpol e que ela poderia embarcar para o Brasil. Eles comunicaram pelo telefone, com a gente e o consulado”, disse Fernanda.

Elizabeth deveria pegar um voo para o Brasil, na manhã desta sexta-feira, e passaria novamente pela imigração. Ela chegou no aeroporto francês antes das 7h, mas foi mantida por mais de 2h30, e novamente foi informado sobre a situação de irregularidade. Nisso, ela perdeu o voo comprado pela família, que partiu às 10h10, pois foi levado ao portão de embarque apenas às 10h15.

“Depois de perder o voo, eles a retiveram de novo no aeroporto, ficou das 10h até 14h. Tomaram novamente o celular, não proveram alimentação, nada. Ela caiu, chegando a quase desmaiar. Falaram que remarcaram para o voo de amanhã às 10h10, mas não deram nenhuma informação sobre isso, nenhuma confirmação. Comunicamos o Consulado, e nem para a advogada querem providenciar essa comunicação escrita. Não temos nenhuma certeza de que ela irá conseguir embarcar”, afirmou a sobrinha.

Elizabeth tem sofrido com crises de ansiedade e nervosismo. O contato com a família também tem sido complicado. Apenas na segunda-feira que conseguiu um telefone, analógico, sem acesso à internet, apenas para ligações, que a família providenciou e encaminhou para a Polícia francesa. Na Cruz Vermelha, uma brasileira tem conversado com a cuiabana, e disse que ela deveria insistir para o Consulado fornecer um documento.

“Apenas hoje que o consulado brasileiro vai mandar uma psicóloga para ver ela, e foram lá. Ainda segundo eles, isso tem acontecido muito lá. Ela tem tido crises de ansiedade, não consegue dormir, comer. Chegou a quase desmaiar, caiu porque não tem se alimento e ficou fraca com o nervosismo. Tiveram que arranjar uma cadeira de rodas para locomover ela no aeroporto. Ela só fala português. Em algumas ocasiões eles disponibilizam um tradutor, em alguns momentos falam com a gente em inglês”, disse Fernanda.

Elizabeth pode ficar na Cruz Vermelha apenas até domingo, sem garantia que conseguirá embarcar no voo para o Brasil no sábado. Caso não consiga, pode ser mandada para uma prisão depois desse prazo dado pela juíza.

“Eles não podem fazer isso. Ela não quer ficar na França. Ela quer voltar para o Brasil. Eles tratam a gente como lixo. Nós ficamos à mercê deles. Isso é xenofobia, sem dúvidas, e não temos visto isso só na França, mas em toda a Europa. Ela só queria ver a bendita Torre Eiffel. Iria passar um dia e meio lá. Eu nunca mais vou à França. Ninguém da minha família também. Estamos traumatizados”, finalizou Fernanda.

A família tenta embarcar a cuiabana para o Brasil, e tem insistido com o Consulado para tentar alguma ajuda. A reportagem tentou contato com o Itamaraty, mas não recebeu resposta sobre o caso até o fechamento desta matéria.
 
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