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Suspensão de abates atinge mais de 13 mil trabalhadores

27 Fev 2009 - 02:02

Da Redação - Marcos Coutinho - Com FOL e PNB

Com o anúncio da rede de frigoríficos Independência, uma das maiores exportadores de carne bovina do Brasil, de suspender os abates em todas as suas unidades em funcionamento no país, sendo cinco delas em Mato Grosso, entre 12,5 mil e 13,3 mil trabalhadores já foram dispensados. Os números são acanhados, porque, segundo fontes do setor, o total de desempregados pode chegar a 15 mil trabalhadores.


Se o sinal vermelho já tinha soado após o fechamento de unidades do Frigorífico Quatro Marcos, conforme anunciou o Olhar Direto, em 20 de dezembro de 2008, a suspensão do abate pelo Independência, anunciada na quarta-feira, deve aumentar o pânico entre os pecuaristas por conta de calotes em outros frigoríficos. O motivo alegado Indpendência pelo foi a "falta de fluxo de caixa", fator preponderante para explicar os atrasos no pagamento dos pecuaristas.

Além das cinco plantas fechadas em Mato Grosso, o Independência suspendeu o abate em Mato Grosso do Sul (duas unidades), Goiás (uma), Minas Gerais (uma) e Rondônia (uma). Para desespero do setor e, sobretudo dos pecuaritas, os animais que estavam na escala de abates foram devolvidos aos fornecedores e não há prazo para a retomada das atividades.

Há menos de um mês, o Independência anunciou o fechamento de uma unidade de abates em Campo Grande (MS) e confirmou 400 demissões e o remanejamento de outros cem funcionários para abatedouros localizados em Nova Andradina e Anastácio (MS), segundo informou a Folha Online.

Independência informou que a medida estava sendo tomada em razão da elevada "ociosidade industrial" da unidade --por falta de animais, menos de 60% da capacidade de abate (mil animais por dia) vinha sendo utilizada.

Hoje, a assessoria disse não dispor de informações sobre os motivos para os problemas de caixa da empresa. Até dezembro de 2008, a empresa tinha capacidade de abater 12 mil cabeças de gado diárias --com produção de 10.000 peles.

Dados da balança comercial do agronegócio, divulgados pelo Ministério da Agricultura, indicam que o setor de carnes amargou redução de 26% na receita de exportações em janeiro, em relação ao mesmo mês no ano passado.

No caso da carne bovina in natura, a queda foi ainda mais expressiva: 53,8% (de US$ 364 milhões em janeiro de 2008 para US$ 168 milhões em janeiro de 2009). Segundo o ministério, além de redução na quantidade embarcada (38,4%), os preços pagos por toneladas registraram queda média de 25%.

O site PNB OnlineP, informou na noite de quinta-feira, que "pelo menos treze mil trabalhadores já perderam seus empregos em Mato Grosso por conta da crise financeira, só nos dois primeiros meses deste ano, quando 13 dos 32 frigoríficos que atuam no estado fecharam as portas". Ainda falta contabilizar os números do Independência e dos demais frigoríficos de forma criteriosa, informou um segundo fonte do setor para o Olhar.

O impacto da crise já assusta os produtores rurais, isso porque o número de frigoríficos fechados representa 40% dos estabelecimentos no estado. A informação é do presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e do Sindicato Rural de Cuiabá, Mário Candia de Figueiredo, em entrevista para o PNB.

Além de impactar na redução do abate de bois, o fechamento dos frigoríficos pode aprofundar ainda mais os reflexos da crise na economia de Mato Grosso. Isso porque, segundo estima o presidente da Acrimat, cada frigorífico de grande porte conta com, no mínimo, mil funcionários, o que totaliza 13 mil postos de trabalhos diretos em Mato Grosso.

Falta de Ação

O presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso cobra do Governo do Estado uma postura mais firme diante da crise. Ele espera que os representantes mato-grossenses se sensibilizem com o problema e cobrem alguma atitude do Governo Federal.

“O que está faltando é o governo do estado cobrar do governo federal medidas que ampliem o crédito para a compra do gabo. Até agora, não vimos o atual governo fazer nada nesse sentido”, criticou Figueiredo.

Dentre os fatores que desencadearam a crise no setor, Figueiredo destaca a restrição de crédito; a queda no volume de carne exportada devido ao protecionismo internacional e a diminuição do consumo interno causada pelo aumento no preço da carne.

Mato Grosso possui o maior rebanho do país. São aproximadamente 25 milhões de cabeças de gabo, conforme o Instituto de Investigação, Desenvolvimento e Estudos Avançados (INDEA). 


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