O megaconcurso para preenchimento de mais de 10 mil cargos públicos, que era para ser um trunfo político-administrativo e até mesmo uma questão de justiça para milhares de pessoas que querem ingressar no serviço público, transformou-se num revés sem precendentes para o governo Blairo Maggi e, sem dúvida, gera o maior desgaste para a atual gestão.

"Num caso como este, o desgaste é inevitável e é muito grande porque você mexe com sonhos, expectativas, ambições, projetos pessoais, famílias inteiras envolvidas, investimentos pretéritos e futuros e com outras emoções que são nutridas por pessoas, no caso candidatos, que fizeram planos, estudaram muito e tinham esperanças", avalia um procurador ouvido pelo Olhar Direto, por telefone.

Para a fonte ouvida pela reportagem, nem a prisão de secretários, demissão do comandante da PM, prisão do ex-presidente da Imprensa Oficial de Mato Grosso (Iomat) nem o Troféu Motosserra de Ouro conseguiram desgastar a imagem do governo e, especialmente, do governador, como a anulação do concurso.

"No curto prazo, a revolta é muito grande e o universo de prejudicados pela incompetência da Unemat é imenso. Diretamente, são 274 mil pessoas, mas indiretamente são mais de 700 mil cidadãos e cidadãs envolvidos de forma emocional neste processo todo", ponderou um analista ouvido pelo Olhar.

Mesmo assim, segundo as fontes ouvidas, a reversão do desgaste é possível a médio prazo e vai depender das ações positivas do próprio governo e de como será a reação governamental aos problemas primários e secundários. "As respostas têm que ser honestas, transparentes e, mais do que isso, precisam ser ágeis, sem gerar falsas expectativas", ponderou uma terceira fonte ouvida pelo site.

No próprio governo, o sentimento generalizado é de angústia coletiva e de que os "erros primários" cometidos pela Unemat poderiam ter sido evitados, porque as falhas de logística, na maioria dos casos, ocorreram por falta de atenção e de mais profissionalismo. 

"Agora estamos pagando um preço caro por termos confiado uma missão a uma instituição estadual que considerávamos capaz e ainda consideramos. Mas agora temos que reavaliar tudo, inclusive a questão dos prazos, sob um novo prisma", admite uma alta fonte da  Secretaria de Administração (SAD).


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