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Sábado, 18 de maio de 2024

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Berlinale compensa Roman Polanski

O cineasta Roman Polanski, detido a pedido da justiça dos Estados Unidos da última vez que compareceu a um festival, em Zurique, se viu premiado em outro, o de Berlim, com o Urso de Prata de diretor pelo thriller "The ghost writer".


O prêmio concedido ao diretor franco-polonês no sábado ofuscou o Urso de Ouro de melhor filme para o drama turco "Bal" ("Mel"), uma de várias obras incluídas em uma mostra competitiva considerada morna.

"A tendência da 60ª Berlinale foi não ter nenhuma tendência", afirma neste domingo o jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung. "O festival de cinema mais importante da Alemanha não respondeu às expectativas".

Polanski não compareceu à cerimônia, mas usou o sarcasmo por meio do produtor.

"Ele me disse que não viria de qualquer jeito, porque da última vez que compareceu a um festival acabou na prisão", disse Alain Sarde.

O cineasta, detido em setembro ao desembarcar no aeroporto de Zurique, onde receberia um prêmio no festival de cinema da cidade suíça, está em prisão domiciliar em Gstaad, à espera de uma eventual extradição para os Estados Unidos por "relações sexuais ilegais" com uma menor em 1977.

Apesar de algumas vozes dissonantes, o Urso de Prata concedido ao diretor de "Armadilha do Destino", Urso de Ouro da Berlinale em 1966, e Prêmio Especial do Júri um ano antes por "Repulsa ao Sexo", foi considerado merecido.

"The ghost writer", exibido no início do festival, foi o filme favorito dos críticos de todo o mundo entrevistados pela revista americana Screen. Para muitos, este "thriller hitchcockiano" representa o retorno do grande Polanski depois de "O Pianista", que conquistou a Palma de Ouro de Cannes em 2002 e o Oscar de melhor diretor em 2003.

O jornal britânico The Times elogiou um "thriller imensamente agradável", dirigido por um "grande cineasta". O italiano La Repubblica destacou "o entusiasmo dos críticos e do público".

Mas para a revista americana Hollywood Reporter o prêmio foi controverso, já que "pode ser interpretado como um sinal de solidariedade para com o cineasta".

"Um gesto político", ressalta o jornal alemão Die Welt.

"O Urso é, manifestamente, um acto de solidariedade. Um festival cobriu Polanski de desonra, outro festival, o de Berlim, o reabilitou, ao menos artisticamente", completa.

O tablóide Berliner Zeitung chama o prêmio de Polanski de "escêndalo", uma "anistia coletiva do mundo do cinema para uma pessoa acusada de violentar uma menor nos Estados Unidos".

"The ghost writer", montado por Polanski na prisão, graças a pacotes enviados pelo advogado, e depois no chalé em que se encontra sob prisão domiciliar, recria a investigação de um ghost writer (Ewan MacGregor) sobre seu chefe, o ex-premier britânico inspirado em Tony Blair.
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