A central nuclear construída pela Rússia no Irã deve entrar em funcionamento no verão (inverno no Brasil), declarou nesta quinta-feira o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin. O anúncio coincide com a visita da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, para negociações com Moscou sobre o Oriente Médio e para pressionar por um acordo preliminar sobre o pacto de redução bilateral de armas nucleares.

Putin falou sobre a usina de Bushehr durante uma reunião sobre energia nuclear em Volgodonsk, no sul da Rússia. Ele não deu uma data específica nem outros detalhes. No entanto, a declaração representa mais um adiamento na abertura da planta nuclear, que já tinha sido prevista para essa primavera (outono no Brasil).

A central nuclear de Busher começou a ser construída pela empresa alemã Siemens antes da revolução de 1979, mas as obras foram interrompidas durante a Guerra Irã-Iraque (1980-88). A empresa russa Atomstroieksport retomou os trabalhos e a central deveria entrar em funcionamento em julho de 1999, mas a inauguração foi várias vezes adiada.

Moscou citou motivos técnicos para os atrasos, mas alguns oficiais iranianos acusaram a Rússia de fazer corpo mole no projeto diante da pressão do Ocidente.

A Rússia apoiou três sanções prévias do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) contra o Irã sobre seu programa de enriquecimento de urânio. O país também afirmou que poderia apoiar novas sanções com a condição de que não afetassem a população.

A Rússia diz que a usina é de uso estritamente civil e não pode ser usada para programas de fabricação de armas já que ficará sob a supervisão da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Segundo o acordo, o Irã terá que devolver o que restar da reação para geração de energia nuclear à Rússia.

Nos últimos anos, os EUA desistiram da oposição ferrenha e diz que a usina acaba com a necessidade do Irã de ter seu próprio programa de enriquecimento de urânio.