Trabalhador deve considerar gastos com transporte antes de fechar viagem
O trabalhador brasileiro ganhou mais uma opção para viajar pelo país com menos de R$ 1 mil. A Abrastur (Associação Brasileira de Cooperativas e Clubes de Turismo Social) e o Ministério do Turismo puseram em funcionamento em março o “Férias do Trabalhador Brasileiro”, programa que oferece viagens para qualquer destino do país, para duas pessoas e com café da manhã incluído, por R$ 977,20.
O projeto, que tem como alvo os trabalhadores sindicalizados, funciona assim: o interessado paga, por meio de débito em conta corrente, uma taxa de adesão de R$ 139,60 e 12 parcelas fixas de R$ 69,80 – o que dá um total de R$ 977,20.
O participante tem direito a apartamento duplo por sete dias em períodos de baixa temporada – ou seja, não poderá usar o programa entre novembro e janeiro e em julho. O prazo para marcar a viagem termina em 24 meses (a contar a partir da primeira parcela). Quem não é sindicalizado também pode participar do programa pelo site www.feriasdotrabalhador.com.br.
Como o pacote só garante a estadia no hotel, o trabalhador fica responsável por providenciar o transporte, os traslados, a alimentação e planejar os pontos turísticos que deseja visitar. Por isso, o pacote oferecido pelo governo passa a ser desinteressante para destinos mais distantes, quando o uso do avião é indispensável.
A reportagem do R7 entrou em contato com duas operadoras de turismo do país e cotou o preço de pacotes completos para duas pessoas – com passagem aérea, sete diárias em hotel de médio conforto, café da manhã e traslados. Os destinos escolhidos para a simulação foram o Rio de Janeiro (RJ), partindo de São Paulo (SP), e Salvador (BA), com origem na capital fluminense.
Com base nas cotações das operadoras de turismo, o programa que tem o apoio do governo se torna mais caro do que um pacote dessas empresas. Isso porque o preço da passagem aérea para o casal deixa a viagem mais cara (veja o quadro abaixo). Vale lembrar que as operadoras de turismo conseguem preços especiais porque compram passagens aéreas em grandes quantidades ou possuem empresas de aviação próprias – caso da CVC, que é dona da Webjet Linhas Aéreas.
De acordo com Jurema Monteiro, coordenadora geral de eventos e apoio à comercialização do Ministério do Turismo, “o projeto visa estimular as viagens do trabalhador brasileiro, mas a iniciativa privada é responsável por oferecer o produto”.
- Cinco empresas estão cadastradas para oferecer o programa [SBTUR, Banstur, Meridien, Bomtur e Crtur]. O trabalhador tem que fazer a adesão e, a partir do momento que pagar a primeira parcela, tem direito a sete diárias por ano, sem restrição do destino. A função do Ministério é organizar, estruturar e lançar [promover] o programa.
Cuidados
Oficialmente, o programa ainda não foi lançado (está previsto um evento de lançamento em abril), mas as viagens já são comercializadas no país. Além de considerar os gastos com transporte, o consumidor deve estar em alerta quanto “às vantagens” que as operadoras costumam oferecer, como a inclusão do terceiro passageiro ou o aumento das diárias.
A reportagem do R7 entrou em contato com três operadoras do “Férias do Trabalhador Brasileiro” e identificou informações desencontradas. Uma atendente da Banstur informou por telefone que para participar do programa, o trabalhador deveria desembolsar R$ 1.630 (R$ 680 da adesão mais 12 parcelas de R$ 79,20), mas teria direito a viajar com dois acompanhantes. Depois, outro atendente da empresa entrou em contato com a reportagem e corrigiu a informação.
Já a filial da SBTUR de São Paulo informou que o programa ainda não foi lançado e, por isso, não estava vendendo pacotes do “Férias do Trabalhador Brasileiro”. Por fim, uma atendente da Meridien não soube passar informações adicionais, pediu o contato e disse que alguém da empresa entraria em contato – até o fechamento desta reportagem, ninguém retornou.
A Abrastur, entidade responsável por colocar o programa em funcionamento, afirmou que a meta é atingir 500 mil viagens entre as famílias brasileiras e mais de 3,5 milhões de diárias nos próximos três anos.
