Num contundente voto proferido no final da manhã de hoje durante julgamento do processo disciplinar administrativo (PDA) contra o desembargador José Jurandir de Lima, no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), e em entrevista posterior ao Olhar Direto, o conselheiro Jorge Hélio afirmou que o nepotismo é um câncer que precisa ser extirpado do seio do Poder Judiciário brasileiroa a qualquer custo.

"Não nos cabe mais restar quedados diante de situação gritante e intolerável e tamopuco recorrermos a carta de Pero Vaz Caminha (que pediu acomodação de parentes em carta enviada ao rei de Portugal logo após a descoberta do Brasil), nem a Oliveira Viana e nem a Sérgio Buarque de Hollanda, ambos patrimonialistas, ou a Augusto Comte...Não podemos mais voltarmos aos interpretativistas, pois essa situação nos exige esforço maior", declarou Jorge Hélio, que é indicação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Mais eloquente, o conselheiro afirmou que este é um caso em que o "Direito é órfão de Direito". "Este é um caso cancerígeno que agride quatro princípios constitucionais basilares: o da impessoabilidade, da isonomia, da imoralidade e o da eficiência", avalia Jorge Hélio.

Na avaliação do conselheiro, o Poder Judiciário, via CNJ, precisará cortar muito ainda na própria carne para expiar os crimes de nepotismo praticados desde a chegada de Pedro Álvares Cabral. "Tecnicamente, o nepotismo é uma prática que tem de ser combatida como a corrupção em si e a prostituição. Pois se formos condecendente com o nepotismo seremos com a corrupção e com a prostituição", compara.


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