Em um dos últimos atos públicos da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) antes de deixar o governo para disputar o Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira ao lançar o PAC 2 (segundo versão do Programa de Aceleração do Crescimento) que vai encerrar sua gestão sem ceder a pressões de partidos políticos para a ocupação de cargos no primeiro escalão.
Lula disse que, mesmo com a debandada de ministros que vão disputar as urnas em outubro, vai manter a atual equipe --sem atender a pedidos de aliados para ocupar estatais ou autarquias.
Numa de suas tradicionais comparações futebolísticas, Lula disse que, mesmo com a saída de vários "Pelés" do governo, vai manter o ritmo de trabalhos no Executivo. "Nós precisamos fazer o que o Brasil fez no Chile em 1962. O Pelé se machucou, e o Garrinchinha conseguiu ganhar a Copa. Muitos Pelés vão sair", afirmou.
Lula disse que os ministros que permanecerem no governo vão "trabalhar o dobro dos que saíram". O presidente pediu que os integrantes do primeiro escalão do governo não se envolvam em disputas eleitorais, especialmente nas campanhas partidárias. "A gente não pode deixar se pegar na disputa eleitoral. Ministro não é para cuidar de dinheiro de campanha de ninguém."
Ao lembrar o apelido de "mãe do PAC 1" concedido a Dilma, Lula atribuiu à ministra e às suas auxiliares diretas o sucesso do programa. "Se não fosse a trinca da Dilma, a Erenice Guerra [secretária-executiva da Casa Civil], a Miriam Belchior [subchefe da Casa Civil] e a Tereza Campelo [subchefe da Casa Civil], se não fosse a dedicação dessas companheiras, talvez a gente nem pudesse estar lançando isso aqui hoje."
Dilma foi a estrela da cerimônia de lançamento do PAC 2 às vésperas de deixar o cargo --já que, pela legislação eleitoral, os candidatos têm que sair dos cargos no Executivo até o dia 3 de abril.
Apelos
O presidente fez um apelo aos futuros candidatos para que mantenham a "seriedade" que o petista disse ser a marca de sua gestão. "Quero fazer um apelo, que deve passar pelo comportamento de quem vai ser candidato, dos ministros que vão sair e vão ficar. Se tem coisa sagrada que fez esse país chegar onde chegou, foi a seriedade do nosso comportamento até hoje."
Lula também pediu que o Congresso, em ano eleitoral, não faça "loucuras" em votações para não prejudicar a continuidade de programas implementados no país. "É hora de pensar na próxima geração. E a gente só vai poder cuidar bem se a gente agir com o máximo de cuidado e responsabilidade", afirmou ao referir-se à votação dos projetos do pré-sal no Congresso.
"Se a gente não tomar cuidado, vamos diluir muito os recursos do pré-sal", afirmou.
