A eleição em Várzea Grande, segundo maior colégio eleitoral de Mato Grosso, mais uma vez se transformou num misto de boataria e abuso de poder entre concorrentes e aliados, e sobrou para o governo do Estado e seus auxiliares no governo, os quais foram acusados de 'plantar' os boatos para beneficiar o candidato do Paiaguás, Wallace Guimarães (PMDB).

Segundo a candidata a vice-prefeita de Tião, Eunice dos Santos, a professora Nicinha, o governo estaria praticando abuso de poder ao não repassar recursos para pavimentação urbana e para a saúde do município. A tese dos partidários do prefeito Tião da Zaeli (PSD) é que o governador Silval Barbosa quer beneficiar  Walace Guimarães com os boicotes à atual gestão.

“O governo não repassopu os R$ 6 milhões para a saúde de Várzea Grande, sendo R$ 3,5 milhões para o Pronto Socorro, isso já faz faltar medicamentos. Já tem 90 dias em atraso. O Tião liga para o governador e ele fala que vai fazer repasse e secretário estadual de saúde não cumpre”, cobra a candidata a vice-prefeita de Tião, Eunice dos Santos, a professora Nicinha, em entrevista ao Olhar Direto.

Ela informa que a prefeitura ingressou mandado de segurança para resolver o impasse administrativo que contamina o processo eleitoral.

“Tinha compromisso e promessa que o governo ia mandar R$ 10 milhões para tapa buraco e recapeamento. Para Cuiabá tinha R$ 20 milhões e ele mandou”, compara Nicinha sobre abuso de poder do governo em direcionar recursos.

Estresse

O prefeito e candidato à reeleição Tião da Zaeli (PSD) passou mal no domingo e na segunda-feira uma espécie de marketing eleitoral de guerrilha foi feito ao espalhar que o prefeito desistira da disputa. O tipo de comunicação na eleição se baseia na imposição de ideia pela força, bombardeio de informação para causar impacto ou terrorismo eleitoral para desacreditar eleitores.

Tião, sua candidata a vice, e a coordenação de campanha vieram a público na terça-feira para desmentir o fato. Até houve reunião sobre possível desistência do prefeito, diante da situação de saúde, mas houve pedido de candidatos a vereador e lideranças para ele se manter no páreo.

“O tiro saiu pela culatra e ganhou espaço na mídia. Quem conhece a eleição em Várzea Grande sabe que esse boato acontece”, informa Nicinha. “O Tião passou mal, com calor e pico de pressão. Há alto índice de estresse, o desgaste de um ano que passou na prefeitura. Tem campanha e a administração da cidade”, explana sobre condições da disputa do candidato à reeleição.

A soma dos obstáculos de gestão, confirma a candidata a vice, fez o prefeito passar mal no domingo. “Com tudo isso, Tião ficou estressado. Ele passou mal domingo. O médico aconselhou a ele dar uma maneirada. Ele perdeu 12 quilos, não come direito. A agenda é mais intensa”, conta.

Governo

O governo do Estado, por meio da assessoria da Secretaria Estadual de Saúde (SES), rebate o não repasse de recursos. Segundo a assessoria, parte de recursos da saúde foi repassado ontem para as Prefeitura de Cuiabá e Várzea Grande.

"A Secretaria Estadual de Saúde, a Secretaria de Planejamento (Seplan) e Secretaria de Fazenda vem priorizando o pagamento da saúde. Várzea Grande, o pagamento foi feito ontem até junho. É dinheiro de incentivo, não é constitucional. é ajuda a mais que o Estado passa. O Estado entende que é importante repassar", relata a assessoria.

"A SES pagou ontem até junho para Várzea Grande R$ 1,2 milhão. E R$ 3,6 milhões para Cuiabá para casos de alta e média complexidade, até julho", completa.

De acordo com a assessoria, desde janeiro os dois municípios têm contrato de gestão e o governo estadual repassa recursos para a saúde após análise da equipe técnica. "O Estado paga o que produz. Antes repassa-se recurso e não cobrava contrato de gestão com Cuiabá e Várzea Grande. A secretaria paga pela produção, de acordo com o que atinge do contrato de serviços", argumenta. "Por isso a chiadeira", defende.

Além de Tião da Zaeli, concorrem a prefeito em Várzea Grande, a esposa do ex-governador e senador Jayme Campos, ex-primeira-dama do Estado e do município, Lucimar Campos, ambos do DEM; o deputado estadual Walace Guimarães (PMDB); o historiador Edison Ribeiro, do Partido Pátria Livre (PPL) e o empresário Milton Dantas Oliveira, o Miltão (PSOL). 


Atualizada às 12h38