Olhar Direto

Sábado, 18 de maio de 2024

Notícias | Cidades

Hospital Regional

Conselho de Medicina vai investigar caso de negligência médica que teria causado a morte de idosa de 77 anos

Conselho de Medicina vai investigar caso de negligência médica que teria causado a morte de idosa de 77 anos
O Conselho Regional de Medicina (CRM) vai investigar em breve indícios de negligência médica supostamente cometida e acobertada em outubro do ano passado, no Hospital Regional de Rondonópolis (a 215 km de Cuiabá), que teria causado a morte de uma mulher de 77 anos.


O autor da denúncia é o advogado Edinaldo Socorro da Silva, que vive em Cuiabá e busca justiça contra o descaso, a burocracia dos planos de saúde e o corporativismo dos médicos que atenderam sua mãe, Dolomita Maria da Silva, que acabou sendo transferida do hospital de Rondonópolis e morreu em Goiânia.

Dolomita e o pai de Edinaldo, Joaquim Socorro da Silva, sofreram um acidente automobilístico na tarde do dia 7 de outubro do ano passado na rodovia BR-364. Joaquim logo após o acidente, mas Dolomita conseguiu chegar com vida ao Hospital de Jaciara (a 143 km da Capital), mas dada a gravidade do seu estado de saúde , foi transferida no mesmo dia para o Regional de Rondonópolis. Enquanto isso, Edinaldo providenciava o traslado, o velório e o enterro do pai.

Embora sem família ou qualquer ponto de apoio em Rondonópolis, Dolomita possuía plano de saúde com cobertura total – com direito de ser atendida na rede privada imediatamente. Por isso, seu filho conseguiu já no dia seguinte ao acidente uma vaga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Instituto Ortopédico de Goiânia (IOG) para interná-la.

Em coma

Os problemas surgiram quando a burocracia do plano de saúde da Unimed requereu de Edinaldo um relatório médico para justificar a transferência de Dolomita, em coma.

O documento foi surpreendentemente negado pelo médico plantonista, sob a alegação de que “a paciente estaria sendo transferida para uma UTI de nível igual a que se encontrava e não uma recomendada por ele, que prescreveu uma UTI Neurológica, que naquele momento encontramos disponibilidade somente em São Paulo”, segundo relata Edinaldo.

Dois dias após o acidente, uma médica que assumiu o plantão afirmou à família que Dolomita já se encontrava em condições de ser transferida. No mesmo dia, um outro médico afirmou que a paciente estava apta e requereu a transferência para Goiânia, que foi marcada pela Unimed – que inclusive tentou dissuadi-lo via telefonema, segundo Edinaldo - para o dia 10.

O segundo fato estranho é que no dia da transferência o profissional que assumiu o plantão negou a transferência de Dolomita duas horas antes do horário marcado. Edinaldo conta, em documento ao CRM, que percebeu “uma insistência anormal na permanência da paciente por parte da médica. O cenário indicava que não conseguiríamos a transferência para Goiânia, onde mora meu irmão e tínhamos todas as condições para acompanhar o seu tratamento”.

Diante da situação, Edinaldo concordou em assinar mais de um termo de responsabilidade pela transferência, que se realizou finalmente mais de 72 horas depois da entrada de Dolomita no Regional de Rondonópolis.

Novamente, porém, o hospital se recusou a entregar os documentos necessários para a transferência - prontuário médico e laudos dos exames, como a tomografia realizada no dia do acidente. A aeronave partiu para Goiânia com a paciente, mas sem os documentos básicos para os procedimentos por parte da equipe que receberia Dolomita. Sequer foi informada a medicação requerida para a seqüência do tratamento, segundo a denúncia.

Transferência

O quarto ponto de estranheza e que sugere um acobertamento corporativista apontado por Edinaldo é que, quando finalmente conseguiu a liberação dos documentos junto à diretoria do Regional, descobriu que não havia laudo de tomografia porque o médico escalado para o plantão do dia do acidente não havia comparecido.

Só no dia 11 Edinaldo recebeu um laudo, via e-mail.

Em Goiânia, a equipe médica do Instituto Ortopédico precisou fazer uma análise geral da saúde de Dolomita, pois não contava com informação alguma proveniente de Rondonópolis além de que se tratava de um caso de traumatismo craniano e fratura do braço direito. Os médicos descobriram que a paciente tinha fraturado uma costela e sofria uma lesão no pulmão, fatos que não foram diagnosticados em Rondonópolis nas primeiras horas após o acidente – cruciais para o atendimento da vítima.

Mesmo sendo atendida em Goiânia, Dolomita não resistiu e acabou falecendo no dia 2 de novembro na UTI.

“Tal situação trouxe à tona e reforçou a prática absurda e nojenta do corporativismo médico nas unidades de saúde pública. Chegou-se ao ponto de tentarem impedir os responsáveis pela paciente em coma, seus filhos, de decidirem sobre onde gostariam de vê-la internada e tratada, mesmo dispondo de todos os recursos para tal, apenas para acobertar as sucessivas faltas dos profissionais nos plantões e que estão escalados”, acusa Edinaldo.

Sindicância

A assessoria de imprensa do CRM informou que recebeu a denúncia protocolada pelo advogado e que ela deve ser distribuída logo. Porém, acrescentou que, independentemente de ser distribuída, assim que divulgado, o caso objeto da denúncia será apurado, de olho na conduta dos profissionais que atenderam Dolomita no Regional de Rondonópolis - cujos nomes só não foram divulgados porque a reportagem não conseguiu contato com eles por telefone para falar a respeito.

Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 

Comentários no Facebook

xLuck.bet - Emoção é o nosso jogo!
Sitevip Internet