O arcebispo de Cuiabá, dom Milton Santos, declarou, nesta sexta-feira (15), ser favorável a posição das orientações postas na nota emitida pela Conferência dos Bispos do Brasil (CNBB) no dia 8 de outubro, em Brasília, na qual a entidade “lamenta profundamente que o nome da CNBB e da própria Igreja Católica tenha sido usado indevidamente ao longo da campanha, sendo objeto de manipulação”.

A nota é uma reação aos conflitos envolvendo os dois candidatos a Presidência da República que disputam o segundo turno das eleições, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). Entre os imbróglios, está o debate sobre o aborto, que chegou ao ponto de religiosos distribuírem panfletos acusando a petista de ser favorável a esta prática, e até mesmo ao satanismo, feitas através de ‘correntes’ anônimas de e-mails.

Essa discussão religiosa tem dado tom ‘eclesial’ a reta final de campanha, apesar de o Brasil ser um estado laico. Ambos os candidatos são vistos em missas e outros eventos religiosos, além de falarem em Deus durante os discursos políticos.

Dom Milton disse também coadunar com a nota emitida no dia 22 de agosto pela regional Oeste 2 da CNBB, da qual Mato Grosso faz parte, que condena a venda do voto e, assim como a nota nacional, comemora a Lei da Ficha Limpa.

“Se cometi algum pecado, me diga qual”, indagou Dom Milton, se referindo ao fato dele apoiar as duas notas e à pressão política que invadiu os bastidores da Igreja Católica. “É toda hora gente me perguntando sobre esse assunto. A forma de perguntar também pode ser uma forma de coação”, reclama o arcebispo de Cuiabá.

A influência da Igreja se dá não só pela histórica intervenção social que mantém, mas essencialmente porque no Brasil, segundo a pesquisa Datafolha publicada em março de 2010, 61% da população brasileira se diz católica. Em período eleitoral, essa é uma fatia de suma importância do eleitorado.Com informações da assessoria.