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Sexta-feira, 26 de abril de 2024

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Estudo propõe atacar o vírus ebola inibindo proteína do próprio corpo

Pesquisadores descobriram um novo alvo para tratar o ebola. Esta é a primeira abordagem de tratamento que mira, não o vírus em si, mas uma proteína do próprio organismo do paciente. Chamada Niemann-Pick C1, ou NPC1, esta proteína é essencial para que o vírus ebola se instale nas células humanas e se replique.


Ainda não existe uma droga eficaz aprovada contra a doença. A maior epidemia já registrada, que teve início com a infecção de uma criança na Guiné em dezembro de 2013, já matou mais de 11 mil pessoas e infectou quase 27 mil.

A estratégia inédita baseia-se no seguinte mecanismo. Quando o vírus ebola penetra na célula do indivíduo, ele é envolvido por um tipo de uma bolha formada pela própria membrana da célula. Para se replicar, o vírus precisa sair dessa bolha e chegar até o citoplasma. O que os pesquisadores descobriram é que a proteína NPC1 é um componente essencial para que o vírus consiga se liberar dessa bolha e continuar seu ciclo de vida.

Para testar essa hipótese, o estudo expôs dois tipos de camundongos ao ebola: o primeiro grupo, do “tipo selvagem”, tinha a proteína NPC1. Já o segundo grupo não tinha o gene responsável pela produção da proteína.

O resultado foi que os camundongos com a proteína foram infectados, enquanto aqueles que não tinham a proteína ficaram livres da doença, já que o vírus não conseguiu se replicar.

O experimento foi desenvolvido por cientistas de duas instituições americanas – a Faculdade de Medicina Albert Einstein, da Universidade Yeshiva e o Instituto de Pesquisas Médicas em Doenças Infecciosas do Exército dos Estados Unidos (USAMRIID) – e os resultados foram publicados na revista “mBio” nesta terça-feira (26).

Esperança de novas drogas
A ideia é que futuras pesquisas possam levar a drogas que inibam temporariamente a proteína NPC1, impedindo desta forma a instalação do vírus. “Nosso estudo revela que a proteína NPC1 é o ‘calcanhar de Aquiles' da infecção pelo vírus ebola”, diz um dos autores do estudo, Kartik Chandran, professor de virologia e imunologia da Faculdade de Medicina Albert Einstein.

Segundo um dos autores do estudo, Andrew S. Herbert, pesquisador sênior do USAMRIID, hoje ainda não existem drogas aprovadas capazes de impedir a conexão dos vírus com a proteína NPC1. "Ainda estamos em fases muito iniciais de desenvolvimento, mas já desenvolvemos vários candidatos a fármacos com atividade antiviral potente em células e esperamos começar os estudos em camundongos ainda este ano", afirmou Herbert, por e-mail.

Ebola ainda não tem tratamento
Ainda não há remédios específicos para tratar o ebola. Existem algumas terapias experimentais, como a transfusão de sangue de pacientes que se curaram do ebola, e drogas em teste como ZMapp, TKM-Ebola, Brincidofovir e BCX4430. Mas nenhum desses métodos passou por todas as fases de pesquisa necessárias para aprovação.

Os pacientes recebem cuidados gerais para aliviar sintomas, como medicamento contra febre, hidratação e alimentação contínua.

Herbert oberva que a epidemia de ebola na África Ocidental impulsionou um esforço de pesquisa sem precedentes focado em encontrar novos tratamentos e medidas preventivas contra o ebola.

"Entidades ao redor do globo começaram a testar todos os candidatos a fármacos que poderiam conceitualmente funcionar contra o vírus ebola com o objetivo de providenciar rapidamente algo que podeira ajudar a retardar a epidemia", afirmou. "Muitos desses esforços continuam até hoje, apesar da diminuição de casos na África Ocidental, para que possamos estar mais bem preparados para a próxima epidemia de ebola."

Transmissão
O ebola é uma doença infecciosa grave provocada por um vírus. Os sintomas iniciais são febre de início repentino, fraqueza intensa, dores musculares, dor de cabeça e dor de garganta. Depois vêm vômitos, diarreia e sangramentos internos e externos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a taxa de mortalidade associada à doença é de, em média, 50%.

Ela é transmitida pelo contato direto com os fluidos corporais da pessoa infectada: sangue, suor, saliva, lágrimas, urina, fezes, vômito, muco e sêmen. Não há risco de contaminação pelo ar.

Epidemia pode durar até o fim do ano
A epidemia de ebola na África Ocidental pode continuar por pelo menos durante todo este ano se as condições não melhorarem de forma considerável, advertiu nesta terça-feira o principal responsável da OMS na luta contra o vírus, Bruce Aylward, de acordo com a  agência EFE.

"Ainda vai levar um tempo para concluir o trabalho", afirmou Aylward em entrevista coletiva, ao lembrar quanto custou à Libéria acabar com a transmissão da doença antes de ser declarado país livre de ebola em 9 de maio.
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