Um grave incêndio que consumiu boa parte de uma residência de dois pavimentos instalada no Condomínio Florais Cuiabá, na capital, e que  gerou danos materiais estimados em R$ 2 mi, foi causado por problemas em um refrigerador doméstico (de 573 litros Inverse Maxxi) da marca Brastemp.  Dez pessoas, incluindo quatro crianças de três, sete, dez e onze anos, estavam no local e foram jogados do segundo andar da casa para a piscina para que fossem salvas. O incêndio foi registrado na data de 28 de fevereiro.

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Laudo da Diretoria Metropolitana de Criminalística e Gerência de Perícias de Meio Ambiente e Engenharia Legal, assinado pelo perito José Eduardo Fernandes, da Secretaria de Segurança Pública (SESP), aponta: “causa mais provável para a eclosão do fogo no imóvel periciado foi devido a uma falha técnica na Geladeira. Entretanto, devido à extensão dos danos no referido equipamento, não foi possível apontar, especificamente, o tipo de falha interna. E, analisando a parte interna da cozinha observa-se que a parede e a laje mais atingidas pelas chamas foram aquelas mais próximas do local da geladeira,  desta forma infere-se que o foco do incêndio se deu na geladeira”.
 


O documento composto por 55 páginas deixa claro que não há nenhuma evidencia quanto a um possível arrombamento ou tese de incêndio criminoso, além de disponibilizar extenso acervo de imagens dos prejuízos.  O laudo foi encaminhado à Delegacia de Defesa do Consumidor de Mato Grosso que instaurou procedimento para apurar o caso. 

"“Sistema de fornecimento de energia elétrica aparentemente operante, as instalações elétricas internas tais como tomadas e fios não apresentavam sinais de perolamento, apenas sinais de queima indireta, ou seja, foram as mesmas atingidas pelo incêndio não sendo estas a causa do incêndio. Não foi detectado vestígios de arrombamento (criminoso) nas esquadrias de janelas e portas. Apenas um arrombamento na janela da Cozinha efetuado, segundo informações, pelo Corpo de Bombeiros”, cita trecho do documento. 
 
Segundo o proprietário do imóvel, o juiz Francisco Gaiva, o fogo iniciou-se por volta das 2h50 da manhã de  data de 28 de fevereiro e consumiu toda a cozinha da residência, espaço gourmet, danificou a estrutura elétrica, além de móveis da sala e gerando ainda a completa inutilização de sete aparelhos condicionadores de ar, além de aparelhos televisores e uma grande quantidade de móveis, objetos de decoração, entre outros.  Ele conta que por razão da comemoração do aniversário de sua filha, na casa, estavam familiares que residem em São Paulo. Em decorrência da inalação da fumaça pelo menos uma delas foi socorrida pelo Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU) com dificuldades respiratórias.  
 
Desde o episódio, a família não pôde mais residir no local considerando o processo de perícia. “Nós estamos fora de casa e alugamos outro imóvel. A previsão é de mais quatro a cinco meses”.  A reforma depende da liberação do seguro.
 
Ao Olhar Direto, Gaiva explicou que a geladeira em questão foi adquirida em outubro de 2014, por meio de venda direta e já apresentou problemas desde então. Por três vezes, recebeu visitas técnicas onde relatou a mesma situação -  o eletrodoméstico não exercia a sua verdadeira finalidade, ao contrário, esquentava demasiadamente. Munido dos protocolos de reclamação, o juiz conseguiu obter a troca do bem, que foi agendada para o dia 16 de março de 2015. No entanto, até agora, dois meses depois do incêndio, não há uma definição quanto ao ressarcimento.
 
Ele relata que após o incêndio recebeu a visita de um representante da empresa Brastemp, mas diante da informação de que os destroços da geladeira seriam submetidos à perícia ele tomou a medida preventiva de notificar a empresa de que a retirada seria feita apenas mediante determinação judicial.
 
Gaiva conta que os danos psicológicos são grandes. Ele frisa que em nenhum momento, o laudo pericial apontou que houve algum tipo de falha na instalação elétrica do imóvel ou qualquer problema estrutural que pudesse ter corroborado para a situação.
 
Procurada a assessoria de imprensa da Brastemp (Whirlpool no Brasil), a Ideal Agência de Comunicação, informou por meio de nota que a situação será resolvida. "A Brastemp informa que está em contato com o consumidor para solucionar a questão da melhor maneira possível e garantir que ele tenha suporte no que for necessário. A Brastemp ainda não possui qualquer conclusão sobre a causa do incidente mas se coloca à disposição, reforçando seu compromisso com todos os seus consumidores".
 
Já a delegada Ana Cristina Feldner, titular da Delegacia de Defesa do Consumidor de Mato Grosso, preferiu não tecer declarações quanto ao procedimento instaurado.