Sol forte, trânsito parado, rojões, faixas estendidas, carro de som com música alta e 30 toneladas de frutas sendo distribuídas para a população no meio da rua. Imagine todos esses elementos em uma das rotas de desvio de trânsito da Avenida Miguel Sutil, bloqueada para as obras da Copa do Mundo. Foi o que aconteceu na manhã desta quinta-feira (21), na Avenida Agrícola Paes de Barros, em frente ao Ginásio Aecim Tocantins, em Cuiabá.

O motivo da agitação era um protesto da Associação dos Permissionários do Terminal Atacadista de Cuiabá (Apetac), cujos filiados estão prestes a sair da área, localizada a poucos metros da Arena Pantanal, no bairro Verdão.

“O Governo do Estado quer nos tirar daqui para fazer um estacionamento para o estádio, mas nós ainda não temos para onde ir. Existe a conversa sobre uma área na saída de Cuiabá entre a Imigrantes e a Palmiro Paes de Barros, mas não tem nenhum documento formal”, reclamou Luciano de Souza, presidente da Apetac.

De acordo com o líder, os permissionários querem um documento assinado pela Prefeitura de Cuiabá e pelo Governo do Estado que garanta a nova área para a feira e argumentam que só pretendem sair do atual local quando a nova estrutura já estiver pronta.

“Essa retirada vai atingir 200 empresas e afetará 1.300 empregos diretos”, argumenta Wanderlei Santos, membro da Apetac. “Sem falar que muitos produtores do interior mandam seus produtos para cá, levando isso em conta, essa retirada atingirá indiretamente uns 10 mil empregos”, calcula.

“Estamos negociando essa nova área há três anos”, relembra o mestre cerimonial da associação, Aldecir José da Rocha. “Já discutimos o assunto, fizemos audiências públicas com a Secopa, Assembleia Legislativa, com a Prefeitura de Cuiabá, mas até agora nada”, queixa-se.

“Eles já começaram a quebrar os muros lá. Esses dias fizemos uma corrente humana em frente às máquinas para não deixar derrubarem nada”, afirma Rocha.



Trânsito, tumulto e salada de frutas

A manifestação foi, na medida do possível, “controlada” pelos agentes de trânsito da Secretaria Municipal de Transportes (SMTU). Eles revezavam as pistas bloqueadas e indicavam em que lugar os manifestantes deveriam ficar para segurar o tráfego.

O tumulto maior aconteceu atrás do caminhão que distribuía as 30 toneladas de frutas na rua. Populares munidos de sacolas e até carrinhos de compras disputavam um local privilegiado à frente da fila para pegar os alimentos.

A organização da manifestação também entregou sacolas com laranjas, tangerinas e bananas para os motoristas que estavam parados no trânsito. Uvas e melancias também estavam sendo distribuídas.

Às 09h17, sob forte sol, dona Berenice, de 63 anos, desistiu da disputa e saiu do empurra-empurra atrás do caminhão sem conseguir pegar uma laranja sequer. O presidente da Apetac já avisou que se nada for feito pelos feirantes, a outra manifestação será feita na frente da Secopa, com 50 toneladas de frutas sendo distribuídas. Na próxima, quem sabe, dona Berenice consiga algo.




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