Depois de meses de resistência e sob intenso bombardeio dos poderes constituídos, principalmente da Assembleia Legislativa, o governador Silval Barbosa (PMDB) decidiu pôr fim aos núcleos sistêmicos do governo de Mato Grosso. “Trata-se de um tema ‘surrado’, pois vem sendo debatido há tempos. A mensagem determina o fim dos núcleos sistêmicos, para que cada Secretaria de Estado tenha a própria gestão”, explica o governador.
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Barbosa sofreu duros ataques dos parlamentares e até mesmo do Poder Judiciário, nos últimos meses, por causa da atuação do formato de gestão. “Decidi acabar com os núcleos sistêmicos e, internamente, cada pasta será responsável por sua gestão e vou cobrar resultados”, disse Silval, que evitou comentar o substituto integral à mensagem do Poder Executivo, apresentado pelo deputado estadual Zé Domingos Fraga (PSD).
A reportagem do
Olhar Direto apurou que, acompanhando as movimentações dos deputados, Silval tratou de evitar enfrentamento. Isso porque existe um consenso na Assembleia de que os Núcleos Sistêmicos ‘engessam’ a administração, o desenvolvimento das ações. Barbosa espera diminuir a influência desses núcleos, tidos como secretarias paralelas, sobre as pastas estaduais.
Instituídos por ordem do então governador e hoje senador Blairo Maggi (PR), os núcleos foram criados de coordenar os trabalhos de gestão financeira no menor número possível de responsáveis. No início do governo Silval, em meados de 2010, a troca de uma simples fechadura no gabinete da nova Secretaria de Assistência Social (Setas), primeira-dama Roseli Barbosa, por pouco não sepultou os núcleos sistêmicos. Foi convencido pelo então secretário Geraldo de Vitto, da Administração, sobre a importância dos núcleos.
Um dos relatores da mensagem, o deputado estadual Alexandre César (PT) disse ser favorável à extinção dos 11 núcleos sistêmicos criados em 2006, pela Lei Complementar 264, ainda no governo Blairo Maggi (PR).
Equipe econômica
Silval reiterou que o secretário Marcel de Cursi, da Fazenda, não possui ‘superpoderes’, tampouco controla o caixa, como denunciam os deputados estaduais. “Quem possui superpoder é Deus”, disse Barbosa, ao rechaçar a revogação do decreto 1.528/12.
O governador lembra que a equipe econômica é composta por De Cursi, Francisco Faiad (Administração) e Arnaldo Alves de Souza (Planejamento), com assessoria da Auditoria Geral do Estado (AGE), tendo a missão de controlar o caixa do Estado. “São técnicos com domínio do funcionamento da máquina pública e é importante que se faça justiça, porque a pontualidade com que o Estado honra seus compromissos deve-se também à eficiência da equipe econômica”, completa Barbosa.