Os jovens Lucas Rafael Souza e Flávio Rodrigues da Cruz, ambos 19 anos, presos por supostamente terem participado de um assalto realizado na semana passada, receberam alvará de soltura e foram libertados agora há pouco. Cerca de cinqüenta pessoas entre parentes e amigos os aguardavam na porta da Penitenciária da Mata Grande.
Na abordagem da polícia, Flávio Rodrigues foi baleado na região do pulmão, estava internado até hoje (20) ao meio dia, quando recebeu alta e logo encaminhado para a Cadeia Pública. ”Graças a Deus não fiquei muito aqui. Mas lá no hospital foi muito humilhante. Eu estava acorrentado na cama. Foi uma tremenda covardia o que fizeram, pois levei um tiro e nem sabia por que nem quem era. Eu estava saindo do trabalho”, expressou.
Lucas Rafael, que estava preso desde o dia do assalto, disse estar indignado com o que aconteceu. “Foi uma tremenda injustiça o que fizeram com a gente. Eu nunca tive problema nenhum com a polícia, nada. To indignado, minutos depois de sair do trabalho acontece isso e você é acusado de algo que não fez. Eu dizia aqui dentro ‘eu sou inocente’ e os caras riam e diziam, ‘aqui todo mundo é inocente’”, disse o garoto.
No final da manhã de hoje (20), familiares e amigos realizaram uma manifestação com cartazes, faixas e pedidos de justiça frente ao Ministério Público Estadual (MPE), percorrendo até o Forúm. A idéia era sensibilizar a Justiça, e deu certo. “Com certeza a pressão popular ajudou. Se não houvesse esse movimento o parecer poderia sair somente lá por quarta, quinta-feira”, garantiu o advogado de Flávio, Elson Rezende de Oliveira.
Entendendo que não houve o crime, a juíza da terceira vara criminal, Dr. Aline Luciane Ribeiro V. Quinto emitiu parecer favorável ao pedido de relaxamento de prisão feito pela defesa.
Logo a Polícia Civil tem 30 dias para levantar provas de que os jovens tenham mesmo participação no crime.
A defesa agora entrará com o pedido de ação indenizatória contra o Estado.
Caso - Os dois rapazes foram presos suspeitos de participarem de um roubo em uma transportadora anexa ao Distrito Industrial. Consta no boletim de ocorrência que o roubo aconteceu as 16h55. Dois indivíduos chegaram armados e anunciaram o assalto. Um Civil à paisana estava no local. Depois que os bandidos saíram o policial, usando o próprio carro começou a persegui-los. Chegado na BR 163, o policial teria os perdido de vista, mas reencontrado a moto com os suspeitos na sequência no Horto Florestal. O policial fez então três disparos contra os garotos, onde um atingiu Flávio.
O advogado dos jovens, Elson Rezende de Oliveira, contesta essa versão da polícia. De acordo com ele, os jovens tinham acabado de sair do trabalho e seguiam para casa. Há documento de que os rapazes bateram o cartão ponto de saída às 17h, horário que supostamente o assalto foi praticado.
